O Benfica entrou com o pé direito na Liga dos Campeões de futebol, ao vencer o Anderlecht por 2-0, em jogo do Grupo C, no qual a diferença esteve na superior eficácia e qualidade individual dos "encarnados".
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Jorge Jesus surpreendeu ao lançar Djuricic no "onze", em detrimento de Lima, numa posição de segundo ponta de lança, nas costas de Cardozo, e o jogador sérvio inaugurou o marcador logo aos quatro minutos, numa recarga a um remate de Enzo Pérez de fora da área.
No entanto, essa opção esteve longe de ser uma aposta conseguida, visto que Djuricic e Cardozo raramente se complementaram por dificuldades de entrosamento, além de que o sérvio tem características que se adequam mais um número 10 do que um segundo avançado.
O Benfica apresentou-se num 4x1x3x2, com Fejsa a "trinco", o melhor jogador em campo, pelo papel determinante que desempenhou como ponto de equilíbrio da equipa, quer nas dobras e compensações, quer pela agressividade defensiva, quer ainda pela simplicidade de processos do seu futebol, nomeadamente quando tem a posse de bola.
O Anderlecht assentou o sistema de jogo num 4x3x2x1, com duas unidades móveis, Massimo Bruno e Matías Suarez, nas costas do ponta de lança Mitrovic, sem posição fixa por forma a baralhar as marcações.
No entanto, a equipa belga na primeira parte foi praticamente inofensiva em termos ofensivos, pela incapacidade de criar perigo no último terço do campo, mas o Benfica também revelou notórias dificuldades nas transições ofensivas, nomeadamente através dos corredores.
A equipa sentiu claramente a ausência dos titulares Sálvio e Gaitán, visto que Enzo Pérez e Markovic ainda não estão entrosados na dinâmica ofensiva do Benfica, nomeadamente na coordenação com os laterais André Almeida e Siqueira, enquanto Matic está muitos furos abaixo da forma da época passada.
Não obstante todos estes condicionalismos, o Benfica é muito superior ao Anderlecht em termos de valores individuais, e isso, aliado à eficácia que revelou, fez a diferença na primeira parte.
Com efeito, o Benfica marcou nas duas únicas oportunidades flagrantes de golo que criou antes do intervalo, a segunda das quais, à passagem da meia hora, quando Luisão assinou o segundo golo, à meia-volta, na área sérvia, depois de receber uma bola rechaçada de André Almeida, dominá-la no peito e finalizar.
Os dois golos disfarçavam as dificuldades que a equipa sentia no seu processo ofensivo, mas o jogo estava controlado e o Anderlecht parecia incapaz de incomodar a defesa encarnada.
Na segunda parte, a história foi um pouco distinta, depois do técnico Van den Brom, a perder por 2-0, ter feito o que tinha de fazer, abrir a frente de ataque, com a entrada de Acheampong para o flanco esquerdo, a subida de Suárez para junto de Mitrovic, funcionando com dois pontas de lança, e a derivação de Massimo Bruno para o flanco direito.
A postura assumida pelo Benfica foi de tentar arrefecer o jogo, quebrar o ímpeto belga, controlar as operações a meio-campo, mas porque nunca o conseguiu viu-se em dificuldades e arriscou sofrer um golo que poderia ter complicado as coisas.
O Anderlecht andou a "cheirar" o golo, Artur teve duas intervenções relevantes aos 59 e 61 minutos, mas faltou sempre aos belgas alguma qualidade individual e contundência no último terço.
O Benfica nunca teve a vitória em risco - de realçar o trabalho notável de Fejsa a cortar as linhas de passe dos belgas, evitando males maiores para a baliza de Artur -, mas não conseguiu na segunda parte aproveitar o balanceamento ofensivo dos belgas e os espaços que estes abriram nas costas da sua defesa.