A Chefia de Missão nacional mostrou "surpresa total" em relação à alegada gravidez de Carolina Borges. E acusa, em comunicado, a velejadora de ter mentido numa entrevista dada a um jornal desportivo nacional acerca do seu "desaparecimento" após se ter auto-excluído das provas olímpicas.
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A Chefia de Missão reafirma ter tentado contactar a atleta após ter recebido um e-mail telegráfico em que alegava questões médicas e pessoais para a desistência. E acusa Carolina Borges de ter evitado os contactos por parte da Chefia de Missão de forma propositada, "pelo facto de ter tido disponibilidade para falar com a jornalista que assina o artigo".
A Chefia de Missão alega "surpresa total" em relação à alegada gravidez de três meses da atleta. "A atleta contradiz-se ao referir primeiro que foi vista por um médico na Aldeia de Londres e que falou com o fisioterapeuta em Weymouth (existem médicos em Weymouth pelo que se afirma que foi visto pelo fisioterapeuta que seria a única entidade a quem podia recorrer, está a referir-se ao departamento médico nacional ali disponível), dizendo depois que nunca falou com ninguém porque não tinha que o fazer".
De igual forma, a Chefia de Missão diz que Carolina Borges mente ao dizer que não tem treinador. "O enquadramento técnico da Vela é da responsabilidade exclusiva da Federação Portuguesa de Vela, sendo que o faz, por classes e não por atletas. Pelo que há um treinado responsável por essa classe", alega.
A Chefia de Missão mantém que a atleta incumpriu com os regulamentos da Missão. "Concluímos em face das suas declarações que a atleta omitiu deliberadamente a sua situação, dado que em nenhum momento nos comunicou a hipotética gravidez que agora declara. Ao contrário do que afirma também, a atleta está obrigada pelo contrato assinado a reportar toda a situação clínica, o que nunca fez. A sua capacidade ou incapacidade para competir terá de ser avaliada pelo departamento médico da Missão Portuguesa, sendo esta a única entidade com competência para tal parecer. Algo que não aconteceu dado que o Departamento Médico da Missão Portuguesa desconhece por completo que a atleta se encontre grávida".
Quanto à falta de apoios, nomeadamente o não pagamento da bolsa, a Chefia de Missão afirma tratar-se de outra mentira da atleta. "Houve um atraso no pagamento da mesma, mas exclusivamente devido a erro da atleta na entrega dos dados para a transferência. A transferência foi feita no dia 21 de Junho de 2012, contudo a mesma foi devolvida devido ao facto do ABA Number não estar correto pois, de acordo com o banco, deveria ter oito dígitos. A situação foi reportada à atleta, por correio eletrónico, no dia 11 de Julho, dado que apenas fomos informados pelo banco nessa altura. A atleta reenviou os seus dados no próprio dia e dado o ABA Number continuar com nove dígitos, o departamento financeiro do COP entrou em contacto com o banco para perceber qual seria o erro de forma a regularizar-se a situação. Assim, no dia 4 de Julho regularizou-se a situação referente ao pagamento das bolsas em atraso, tendo sido feito o pagamento do último mês no dia 27 de Julho. Como tal, não há qualquer valor em falta da parte do COP para com a atleta, ao contrário do que afirmou".
A Chefia de Missão conclui o comunicado reafirmando o incumprimento da atleta, a "incongruência do seu discurso" e a "omissão deliberada da gravidez que agora declarou". E recusa voltar a tomar outra posição sobre o assunto de forma a "não transformar a participação de Portugal nos Jogos Olímpicos Londres 2012 numa novela paralela que nada tem a ver com o Desporto nem com os valores da Carta Olímpica".