A China igualou esta quinta-feira o Japão no topo da tabela de medalhas ao sexto dia de Tóquio 2020, contabilizando 15 ouros, mais um do que os Estados Unidos, que têm demorado a restabelecer a tendência dos últimos dois ciclos olímpicos.
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As duas potências asiáticas chegaram a 31 e 25 metais, respetivamente, enquanto o país mais laureado de sempre contabiliza 14 títulos, em 38 pódios, num dia em que abriram os torneios de golfe e Portugal festejou a primeira medalha em solo nipónico.
O torneio de singulares femininos de ténis de mesa foi decidido numa final inteiramente chinesa, em que Meng Chen, líder do ranking mundial, derrotou Yingsha Sun, segunda da hierarquia, por 4-2, com a japonesa Mima Ito a repetir o bronze obtido no Rio2016.
Pouco antes, a norte-americana Sunisa Lee, de 18 anos, sucedeu à compatriota Simone Biles, tetracampeã de ginástica artística há cinco anos, como vencedora do concurso completo individual feminino, ao somar 57,433 pontos, batendo a brasileira Rebeca Andrade, segunda, e russa Angelina Melnikova, terceira.
Esta prova coroou cinco atletas distintas dos Estados Unidos desde Atenas2004, sendo que a penúltima, estrela contemporânea da modalidade, falhou a defesa do cetro devido a um colapso emocional, que já a levou a desistir na final por equipas.
Simone Biles, de 24 anos, viu os Estados Unidos perderem nessa competição o título olímpico para a representação russa e está qualificada para as cinco finais individuais em Tóquio2020, cuja participação, entre 1 e 3 de agosto, depende de avaliação médica.
Mais afortunado tem estado o compatriota Caeleb Dressel, que venceu a prova rainha dos 100 metros livres de natação, destronando o australiano Kyle Chalmers com nova marca olímpica, de 47,02 segundos, num pódio fechado pelo russo Kliment Kolesnikov.
Apontado como sucessor de Michael Phelps, Matt Biondi ou Mark Spitz, a nova estrela das piscinas, de 24 anos, já tinha ajudado a "Team USA" a ganhar os 100 livres, tendo ainda pela frente os 50 livres, os 100 mariposa e talvez a estafeta de 4x100 estilos.
Recuperados no programa pela primeira vez desde a edição de St. Louis1904, os 800 livres masculinos foram ganhos com surpresa pelo americano Robert Finke, com 7.41,87 minutos, batendo ao sprint o italiano Gregorio Paltrinieri, que liderou quase toda a prova, e o ucraniano Mykhailo Romanchuk, detentor do recorde olímpico, fixado há dois dias.
Ainda no setor masculino, o australiano Izaac Stubblety-Cook celebrou nos 200 metros bruços, com novo recorde olímpico, de 2.06,38 minutos, escapando ao holandês Arno Kamminga, que repetiu a prata dos 100 bruços, e ao finlandês Matti Mattsson, terceiro.
Já a chinesa Yufei Zhang conquistou a medalha de ouro dos 200 mariposa, renovando o máximo olímpico, agora fixado nos 2.03,86 minutos, após já ter sido segunda nos 100 mariposa, à frente das americanas Regan Smith, bronze nos 100 costas, e Hali Flickinger.
Zhang ajudou ainda o país a brilhar de forma inédita na estafeta feminina de 4x200 metros livres, em 7.40,33 minutos, com os três primeiros a baterem o recorde mundial fixado pela Austrália, com 7.41,50 minutos, em julho de 2019, tendo a prata ido para os Estados Unidos, de Katie Ledecky, e o bronze para as australianas, de Ariarne Titmus.
O Japão conservou a cadência hegemónica nos tatamis do emblemático Nippon Budokan, com o judoca Aaron Wolf a subir ao topo na categoria masculina de -100 kg, graças a uma vitória por "ippon" na final com o sul-coreano Cho Guham, carrasco do português e bicampeão mundial Jorge Fonseca, bronze, a par do russo Niiaz Iliasov.
Em -78 kg femininos, Shori Hamada derrotou por "ippon" a francesa Madeleine Malonga, sendo que a brasileira Mayra Aguiar replicou o terceiro posto logrado em Londres2012 e no Rio2016, desta vez ao lado da alemã e atual campeã do mundo Anna-Maria Wagner.
No remo, a bicampeã e recém-recordista mundial Irlanda conquistou o primeiro título nestes Jogos Olímpicos na final masculina do double-scull ligeiro, na qual foi vice no Rio2016, ao concluir os 2000 metros em 6.06,43 minutos, à frente de Alemanha e Itália.
Os transalpinos foram mais felizes na vertente feminina, na qual já tinham registado um novo recorde mundial na quarta-feira, parando o cronómetro nos 6.47,54 minutos, numa luta vencida no limite à França e aos Países Baixos, ex-detentores da medalha de ouro.
A bicampeã do mundo Croácia impôs-se nas duplas masculinas, com 6.15,29 minutos, secundada por Roménia e Dinamarca, enquanto a campeã mundial Nova Zelândia, que estabelecera um novo máximo na véspera, somou o primeiro ouro em Tóquio2020 nas duplas femininas, com 6.50,19, à frente do Comité Olímpico da Rússia e do Canadá.
Quanto às duas competições de fosso olímpico do tiro com armas de caça, o checo Jiri Liptak acertou em 43 dos 50 alvos e bateu no desempate final o compatriota David Kostelecky, com o britânico Matthew Coward Holley, campeão mundial, em terceiro.
Igual desempenho teve a eslovaca Zuzana Rehak Stefecekova, que configurou um novo recorde olímpico, na sequência das pratas alcançadas em Pequim2008 e Londres2012, superiorizando-se à norte-americana Kayle Browning e a Alessandra Perilli, que fez história para São Marino, agora o país menos populoso de sempre a ser medalhado.
Na canoagem slalom, Jessica Fox, de 27 anos, sagrou-se campeã em C1 femininos, prova em estreia em Tóquio2020, dois dias após a medalha de bronze obtida em K1, tornando-se a primeira atleta a conquistar medalhas nas variantes de canoa e caiaque.
A australiana fez um percurso sem penalizações e totalizou 105,4 pontos, superando a britânica Mallory Franklin e a alemã Andrea Herzog, campeã mundial da especialidade.
O Comité Olímpico da Rússia saiu por cima na prova de florete por equipas femininas de esgrima, ausente dos últimos Jogos Olímpicos, ao bater na final a França e recuperar o título ganho em Pequim2008, após o bronze arrebatado pela anterior campeã Itália.
A um dia do arranque do atletismo, o norte-americano Sam Kendricks, campeão mundial de salto com vara, foi forçado a desistir, após um teste positivo ao novo coronavírus, elevando as chances de sucesso do sueco Armand Duplantis, recordista da disciplina.