Conceição devolveu a mística e os títulos ao F. C. Porto. Tuchel está a mudar rapidamente a face do Chelsea. Os quartos de final da Liga dos Campeões terão a marca dos dois treinadores.
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Um foi futebolista de elite, o outro só jogou em clubes modestos da Alemanha. Como treinadores, Sérgio Conceição e Thomas Tuchel estão no auge das carreiras e vão defrontar-se num patamar muito adiantado da Champions League, nos quartos de final entre F. C. Porto e Chelsea cuja primeira mão se realiza na quarta-feira, em Sevilha.
Enquanto técnicos, têm em comum o facto de terem partido de baixo e atingido topo, embora em realidades distintas. Conceição começou no Olhanense e em seis anos chegou ao Dragão, para personificar o regresso dos portistas aos títulos e para lhes devolver a mística que parecia perdida. Tuchel demorou oito anos a chegar do Augsburgo ao Dortmund, saiu depois para o PSG, onde foi bicampeão de França e finalista vencido da Champions, e agora para o Chelsea, dois dos clubes mais ricos e poderosos do futebol europeu.
Os recursos que têm à disposição, no Dragão e em Londres, são, de facto, muito diferentes, mas a revolução, mais profunda no caso do português, que conseguiram operar nos dois clubes também tem pontos de ligação. Ambos se caracterizam pela intensidade e exigência no trabalho diário, sem esquecer a forte ligação com os jogadores. Além da famosa aversão à derrota e do feitio difícil, de Conceição conhecem-se pormenores como a roda motivacional que implementou após os jogos, as conversas particulares com jogadores em pleno relvado e os elogios públicos ao trabalho dos adjuntos.
Para Tuchel, a comunicação é tudo. Desde que substituiu Lampard no Chelsea, no final de janeiro, deixou de haver distâncias entre o treinador e alguns jogadores do plantel, passando a estar tudo no mesmo barco. Quem não joga, percebe logo porquê, em conversas individuais ou à frente do resto do grupo. No banco, é muito interventivo, para encorajar os jogadores ou para corrigir erros.
TRUNFOS NA MANGA
Sérgio Conceição
Treinador do F. C. Porto
Cartas da família aos jogadores
Na época passada, antes de um jogo crucial em Tondela, Conceição pediu aos familiares mais chegados dos jogadores que lhes escrevessem cartas, que foram colocadas no balneário.
Prémio mínimo para todos
Quando chegou ao F. C. Porto, o técnico instituiu um prémio mínimo de objetivos, mesmo para os jogadores que não jogam ou jogam menos. A ideia é que todos contam no plantel de Sérgio Conceição.
Jogadores ao raio x
Conceição considera fundamental conhecer os antecedentes e as características pessoais dos jogadores, para depois poder espicaçá-los nos pontos menos fortes, nos momentos críticos da época.
Thomas Tuchel
Treinador do Chelsea
Código durante os jogos
Nenhum jogador o disse ainda em público, mas em Inglaterra corre a informação de que os jogadores do Chelsea falam em código durante os jogos, por iniciativa de Tuchel, para confundir os adversários.
Bolas para controlar e básquete
Tuchel mudou os treinos dos "blues", tornando-se mais versáteis e apelativos. Os jogadores treinam muitas vezes com bolas mais pequenas, para aprimorar o controlo, e também jogam basquetebol.
Werner "expulso" do treino
Tuchel mexe com os jogadores. Esta semana, depois de o avançado Werner ter falhado vários golos na seleção alemã, o técnico impediu-o de prolongar o treino de finalização. "Não precisa", disse.