Treinador do F. C. Porto diz que convém a muita gente "criar atrito" entre ele e a administração dos dragões e acrescenta que é normal ter conversas e reuniões com Pinto da Costa
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No regresso ao contacto com a imprensa antes dos jogos do campeonato, depois de um mês sem fazer antevisões, Sérgio Conceição foi questionado este sábado sobre os rumores de que teria equacionado sair do F. C. Porto durante a paragem para as seleções. Sem o desmentir taxativamente, o técnico portista falou sobre a reunião que teve com Pinto da Costa na semana que se seguiu ao jogo de Braga.
"Mal seria que não tivesse conversas com o presidente, dependendo dos problemas que vão surgindo numa temporada, que são muitos. É normal falar com o presidente. No fim do jogo com o Inter, eu disse simplesmente que tem de se dar mais valor a esta equipa, a atual detentora dos quatro títulos nacionais. Falo da imprensa, dos adeptos, dos simpatizantes do F. C. Porto. Disse ainda que não tínhamos capacidade de segurar os melhores jogadores e que [a nível de contratações] o mercado nacional é o mercado possível. Falei ainda da quantidade de jogadores que vêm da formação. Acho que não disse nada de mais", afirmou Sérgio Conceição.
"Convém a alguma imprensa criar atrito entre o treinador e a administração do F. C. Porto. Quando quero dizer alguma coisa a alguém, faço-o diretamente. Não mando recados", acrescentou o técnico portista, apontando as razões que entende existirem para o facto de, ciclicamente, ser noticiada uma eventual saída do clube: "Há muito incómodo por eu estar aqui e pelo trabalho que eu e o presidente fazemos. Há muita gente que gostava de estar no meu lugar. Talvez seja também por termos ganho muitas vezes, embora não tantas como gostaríamos porque nós queremos ganhar sempre. Não faço a mínima ideia".
Sobre uma eventual renovação de contrato ou, no mínimo, a continuidade na próxima época, cumprindo o vínculo que tem com o F. C. Porto até 2024, o treinador não se comprometeu: "Não sabemos o que vai acontecer. Há muitos jogos para fazer, títulos para disputar e coisas mais importantes em que pensar. Vamos remar todos no mesmo sentido e, no final da época, logo faremos as contas e veremos o que haverá para planear".
Sem deitar a toalha ao chão no que diz respeito à luta pelo título, mesmo admitindo que o empate em Braga tornou as coisas "ainda mais difíceis", Conceição definiu o que seria uma época sem ganhar o campeonato, mas com a eventual conquista da Taça de Portugal. "Seria uma época razoável. Já ganhámos dois títulos [Supertaça e Taça da Liga], embora não sejam os mais importantes. O nosso objetivo principal é sempre o campeonato. Na Liga dos Campeões, podíamos estar nos quartos de final. Já lá estivemos duas vezes [nos últimos anos] e nunca fizemos festas por isso", referiu, negando que estivesse a dar uma indireta ao Benfica: "Está de parabéns pelo trajeto que tem feito na Champions e no campeonato".
Em relação ao jogo de domingo com o Portimonense, o técnico revelou que Diogo Costa, Pepe, João Mário e Evanilson estão fora das contas devido a lesões, garantiu que Uribe e Eustaquio estão aptos, mesmo com o desgaste das viagens a que foram sujeitos nos últimos dias, e sublinhou a importância de voltar aos golos e às vitórias.
"Queremos os três pontos. Matematicamente, o campeonato está mais difícil, mas estamos aqui para dar luta até ao fim e vamos fazê-lo", disse, aproveitando ainda para elogiar David Carmo, mesmo que o central contratado ao Braga praticamente não tenha sido utilizado nos últimos meses: "É um jovem com muito talento e que ainda vai dar muito ao F. C. Porto e ao futebol português".