Conceição: "Não sei se o presidente do Benfica vai abrir um processo ao sr. Schmidt"
O treinador do F. C. Porto, Sérgio Conceição, fez a antevisão do duelo deste sábado com o Paços de Ferreira e reiterou as frases ditas na semana passada, que levaram a que o Benfica apresentasse uma queixa no Conselho de Disciplina da Federação. O técnico dos dragões não esperava tal atitude do "antigo colega" Rui Costa, atualmente presidente das águias.
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A visita à Mata Real acabou por ficar para segundo plano, com Sérgio Conceição a admitir que ponderou não fazer a conferência de imprensa de antevisão, por causa do processo de que foi alvo, tal como o vice-presidente dos dragões, Vítor Baía, após serem alvos de um processo disciplinar.
"Só vim hoje aqui por respeito, porque a conferência já estava marcada, porque se não eu não a faria. O meu silêncio ia provocar mais ruído. São casos, casinhos, processos. Até trouxe uma cábula do que disse na semana passada: 'não tenho de entrar em detalhes nas nomeações, houve erros no passado. Podem errar, como eu erro, só não pode haver dois pesos e duas medidas. É importante que estejam no máximo, todos os intervenientes têm de dar o seu melhor...', repetiu o treinador, antes de deixar duras críticas à opção tomada por Rui Costa.
"Fui processado por dizer que quero que toda a gente esteja no seu melhor, vocês (jornalistas) podem errar na vossa análise, mas se o fizerem de forma inconsciente está tudo bem. O que me admira mais é isto ser levantado por um homem do futebol, que é um ex-colega e está habituado a ganhar em campo. O Rui Costa levantar isto... tinha de falar nisto, que estava aqui entalado", explicou, antes de estabelecer uma comparação ao que foi dito por Roger Schmidt, após a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões.
"Acredito que eu seja visado, algumas pessoas não gostam de mim, mas isso faz parte, porque a mim também não me agrada muita gente. Não sei é se o presidente do Benfica vai abrir um processo ao sr. Schmidt, que foi bem mais agressivo ao VAR do que eu. Fiquei tão contente por falar de futebol e depois tenho de entrar neste campo e eu não gosto, não gosto, não gosto. Por isso é que o não estar na conferência podia ajudar", acrescentou Conceição que, ainda assim, espera que as seis jornadas que faltam decorram de forma tranquila e que não haja jogos de bastidores.
"A minha esperança é que não seja assim [que haja jogos de bastidores]. Quero que seja resolvido nas quatro linhas: erros toda a gente vai cometer, mas o que é decisivo tem de ser o que se passa nas quatro linhas, entre duas equipas de futebol. Isso para mim é o mais importante e não estou a falar da arbitragem. Volto a dizer e reiterar o que disse a semana passada. Vamos falar de futebol, que já vos dei muitos títulos", brincou o treinador.
Mais ou menos pressão
O F. C. Porto visita Paços de Ferreira depois de recuperar seis pontos em relação ao Benfica nas duas últimas jornadas e pela frente terá um adversário desesperado na luta pela permanência.
"Espero um jogo difícil, como historicamente é. Sabemos da importância do encontro para as duas equipas, cabe-nos conquistar os três pontos para continuarmos nesta luta até ao final do campeonato. Jogo importante e, à medida que se caminha para o final, ganha mais peso. Frente ao Santa Clara (2-1) houve coisas que não correram tão bem, foram analisadas, trabalhadas em campo", assumiu Conceição, que não encontra grandes vantagens no facto de jogar antes do Benfica e, assim, poder colocar pressão nas águias em caso de triunfo na Capital do Móvel.
"Já jogámos muitas vezes depois do adversário, e algumas antes. Não é maior, nem menor pressão. A motivação vai-se buscar ao trabalho diário. É aquilo que fazemos no campo e no balneário, isso é que nos dá confiança e motivação. O jogo é o resumo do que se faz no treino. Queremos ser perfeitos, nem sempre acontece, claro, mas a motivação não tem de ser em função do ambiente, dos adeptos - claro que são importantes e agradeço aos que vão à Mata Real. São uma mais-valia para nós" , lembrou o treinador, que se mostrou satisfeito com a renovação de contrato com Toni Martínez e acredita que outras se seguirão.
"Sim, mas eu não sou dirigente, atenção. Existem conversas entre mim e o presidente e estou a par de quase tudo o que se faz no clube. As situações estão a ser trabalhadas, faladas com empresários - há pessoas que gravitam na vida pessoal dos atletas - e acho que as coisas estão a ser bem feitas. Presumo que sim [mais renovações a caminho]", referiu.
Por último, Sérgio Conceição comentou a situação vivida por Stephen Eustaquio, que perdeu a mãe no passado sábado. "É um momento complicado. O Eustaquio está bem, dentro do possível. É um rapaz com uma maturidade acima da média, tem um caráter forte, tem um grupo e uma família a ajudá-lo. Vejam a maturidade: há sempre a tendência de dizer 'coitado do Eustaquio', mas ele quer ser tratado como os outros. Infelizmente é assim: quase todos os dias recebemos uma notícia menos boa, temos de andar para a frente e olhar para os problemas e para os desafios. Todos os dias acontecem notícias menos agradáveis. Está bem para ir a jogo, para o banco ou para a bancada", finalizou o treinador dos dragões.