Depois de 23 anos preso injustamente, Nevest Coleman voltou à liberdade e os Chicago White Sox devolveram-lhe o emprego.
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A vida de Nevest Coleman continua a ser a mesma que era há 24 anos. De casa vai para o estádio dos Chicago White Sox e lá integra a equipa responsável pelo tratamento da infraestrutura. Diariamente, é vê-lo quase sempre ladeado por Jerry Powe e Harry Smith, os companheiros que se tornaram amigos. Mas se essa rotina é, hoje, a mesma de há 24 anos é também porque, depois de 23 anos na prisão, houve quem não lhe virasse as costas.
Há outra coisa certa: tivesse a acusação levado a melhor e era garantido que nada disto aconteceria. Só que naquele julgamento de 1997, a pena de morte reduziu-se a prisão perpétua e, do mal o menos, o inconformado Nevest Coleman pôde continuar a lutar pela inocência. Dele, dizia-se que tinha violado e assassinado uma mulher. E por mais de duas décadas foi isso a prevalecer como verdade. A lógica dizia que de um jovem de 25 anos, com todo um futuro pela frente, passasse a um adulto amargurado e revoltado com o que lhe tiraram.
Nevest Coleman não viu os filhos crescer, nem os netos nascer. Também não inspecionou como o estádio dos Chicago White Sox se foi transformando, como as cadeiras para os espectadores passaram de azul a verde ou como os balneários evoluíram. E só soube que a equipa ganhou a World Series de beisebol, pela primeira vez desde 1917, por causa um grito vitorioso que ecoou na prisão. Hoje, sabe-se que perdeu isso tudo injustamente, tal como sempre gritou.
Com o ano passado a dar as últimas, um exame de ADN anulou a sentença de 1997 e devolveu-lhe a existência. Nevest Coleman regressou a casa, retomou o contacto regular com os irmãos, pôde, por fim, dar o mimo que nunca deu aos filhos e agora também já é vê-lo a fazer de avô. Mas faltava uma coisa. E, então, as pessoas dos Chicago White Sox completaram a redenção. No início da semana passada, o senhor Coleman, agora com 49 anos, recuperou o cargo que era dele e tinha à espera os amigos Jerry Powe e Harry Smith, os mesmos que no julgamento testemunharam a seu favor e o livraram da pena de morte. Abraçaram-se, desta vez levados pela alegria. Depois, Nevest Coleman vestiu a farda, uma mais moderna, claro, e lá foi ele para o trabalho que fazia há 24 anos. Seja bem-vindo à vida.