A leucemia escureceu a infância de Elías Pereyra, mas foi pouco para lhe roubar um futuro prometido ao estrelato futebolístico.
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Quando uma criança que sempre foi saudável e espevitada começa a perder o apetite e a genica, o diagnóstico é fácil. E, efetivamente, Elías Pereyra estava doente. Só que nessa manhã de 2012, em que lhe disseram que carregava a leucemia com ele, a preocupação daquele ser de 13 anos foi outra. "Posso voltar a jogar à bola?". À falta de respostas médicas e de esperança dos pais, foi o futuro a responder-lhe afirmativamente.
Hoje, pode dizer-se que Elías derrotou o cancro. E também se pode acrescentar que já se estreou na primeira equipa do San Lorenzo, já foi incumbido de marcar Lionel Messi e até é internacional sub-20 pela seleção da Argentina. Claro, para chegar a esse ponto, o mais novo dos Pereyra penou muito. Ele, o pai e a mãe, o trio que, não há muito tempo, se fundiu num abraço que fez capas de jornais e emocionou as redes sociais. Ali eram a imagem da alegria e da esperança, mas também já foram os rostos do desânimo e da impotência.
Quando os pais lhe comunicaram a tragédia anunciada, Elías teve na ignorância a melhor esperança. Só mais tarde, em tempos em que a rotina tinha passagens diárias pelo hospital e ainda incluía quimioterapia, é que começou a aperceber-se da gravidade da situação. Também porque, nesse período, a bola, aquele tesouro que lhe vinha alegrando a infância, não era tida nem achada no contexto familiar. Nem isso o deitou abaixo. O tratamento foi prometendo coisas boas e alimentando as expectativas mais otimistas. Assim passou mais de um ano de vida, até que, 18 meses depois de o mundo lhe cair em cima, se livrou do cancro.
Espantado o mal, era altura de recuperar o tempo perdido. Elías Pereyra reclamou a bola de volta, claro, e retomou os treinos no San Lorenzo, o clube de Almagro que lhe deu a mão no período negro da doença e com o qual fantasiava uma carreira no futebol. Completou a formação, estreou-se na seleção argentina, ainda fez "sombra" a Messi num treino com a seleção principal e culminou o renascimento com um contrato profissional. Neste mar de boas notícias, veio também a primeira aparição na equipa principal dos seus sonhos. "Os últimos cinco anos foram de filme", resumiu Elías. Daqueles com um final feliz.