Ex-pasteleiro. Sonhador. Persistente. Assim se define Norberto Mourão, canoísta experiente e que vai, este ano, concretizar o maior sonho de vida: representar Portugal nos Jogos Olímpicos. Norberto é um exemplo de superação diária.
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Em 2009, um grave acidente de mota traçou uma linha na sua vida que separa o antes e o depois. Mas, apesar do incidente, para Norberto "tudo na vida tem um propósito", e o dia fatídico, que lhe roubou as duas pernas, ditou o sucesso que hoje vive na paracanoagem.
"Apesar de parecer estranho, hoje sou muito mais feliz do que era antes do acidente, sou uma pessoa mais ativa e completa", confessou o canoísta ao JN. Começou na modalidade por um mero acaso, "precisava de fortalecer os braços", e hoje são os remos que lhe dão força para sonhar, dia após dia. Nasceu e cresceu numa família pobre e sempre se habituou a lutar pelos sonhos, "conseguir chegar a este patamar é um orgulho para a toda a família", diz. Nunca tinha praticado desporto de forma séria antes do acidente, por isso considera que "as oportunidades fazem o monge".
Atualmente, vive em Montemor-o-Velho, onde se localiza o Centro de Alto Rendimento e aos 40 anos está na melhor forma física, levando uma vida preenchida e sem tempo para "pensar em coisas más".
Para muitos, perder as duas pernas e a mobilidade independente seria o fim. Para o canoísta foi só o início. Começou no Kayak, mas "as avaliações não eram justas", desde que mudou para a canoa os resultados não param de aparecer. Considera a canoagem uma modalidade inclusiva e onde se sente "igual aos outros". Foi o primeiro atleta português a ganhar uma medalha internacional em atletismo de cadeira de rodas e com a prata conquistada no Mundial em 2019, na Hungria, Norberto carimbou a presença em Tóquio.