Golo de Morata a afasta seleção lusa da Liga das Nações. Recuo na parte final do jogo volta a ser fatal para as quinas.
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Eis um jogo e um resultado difíceis de digerir para a seleção portuguesa, a menos de dois meses do Mundial do Catar. Mais do que perder com a Espanha, uma equipa de topo, recheada de talento, o que ficou na retina do duelo ibérico de Braga foi aquela ideia, já vista em ocasiões anteriores, de que Portugal não se consegue exibir ao nível da qualidade dos jogadores que possui, sobretudo em jogos decisivos.
É um facto que a seleção das quinas teve oportunidades para marcar e, provavelmente, ganhar. Mais do que a Espanha. E que o guarda-redes Unai Simon negou vários golos quase feitos aos portugueses. Mas, tudo espremido, o que se tira do jogo foi aquele incrível recuo no terreno de Portugal a partir de meio da segunda parte, qual tentação (inconsciente?) por segurar um empate que servia para passar à final four da Liga das Nações, mas não para confirmar a promessa de que os jogos são sempre para ganhar.
Puxando o filme atrás, o que se confirmou é que, mesmo sem ter as estrelas de outrora, a Espanha mantém a identidade, feita de posse de bola, de dezenas de passes bem medidos e de muita pressão em zonas adiantadas, à procura de um erro do adversário. Portugal cometeu alguns e já se sabe que não está habituado a só correr atrás da bola. A equipa lusa foi sobrevivendo e cresceu no jogo, a ponto de conseguir criar as tais ocasiões de golo que não se podem desperdiçar. Cristiano Ronaldo também as teve, mas aquele instinto matador a que habituou o planeta do futebol continua em parte incerta.
A Espanha sabia que tinha de ganhar e Luis Enrique mudou peças, em busca de desfazer o equilíbrio que tinha tomado conta do jogo. Foi bem sucedido e as entradas dos miúdos Gavi, Pedri e Nico Williams revolucionaram a partida. Fernando Santos esperou e, quando mexeu, com as entradas de João Mário, Vitinha e Leão, já não foi a tempo de contrariar o futebol impositivo dos espanhóis na reta final.
Mesmo antes de sofrer o golo, deu a sensação de que Portugal não sabia bem o que devia fazer em campo. A bola não saía das imediações da baliza de Diogo Costa e a estocada de Morata não surpreendeu ninguém em Braga. A seguir, os portugueses ainda tentaram o improvável, mas Ronaldo voltou a não conseguir bater Unai Simon.
Análise
Mais
Nico Williams desequilibrou o jogo e ofereceu o golo a Morata. Luis Enrique foi muito feliz nas substituições.
Menos
Cancelo esteve abaixo do habitual e deixou fugir Nico no golo. Meio-campo português desapareceu na reta final.
Árbitro
O cartão amarelo a Bernardo Silva é exagerado e o árbitro não teve um critério disciplinar uniforme. A nível técnico, os erros não foram graves.