Fernando Santos volta a estar sob uma chuva intensa de críticas, após a derrota da seleção portuguesa, na terça-feira, frente à Espanha, em Braga, que custou o afastamento da "final four" da Liga das Nações.
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A gestão individual, física e tática do conjunto português merece uma reflexão profunda a menos de dois meses do arranque do Campeonato do Mundo. Entre os problemas que se colocam no presente a Fernando Santos, Cristiano Ronaldo é um dos principais e seguramente o mais mediático.
1 - Cristiano Ronaldo
O avançado português atravessa o período mais crítico da sua carreira. Antes do estágio da seleção, só tinha sido titular em três jogos, nesta temporada, ao serviço do Manchester United. Ainda assim, Fernando Santos arriscou e colocou o capitão do início ao fim nos duelos com a República Checa e com a Espanha. Foi um erro. Além das dificuldades físicas, bem visíveis por exemplo na reta final do duelo em Braga, notou-se que não está bem psicologicamente. Viu-se ansiedade e, sobretudo, muita frustração. Fernando Santos sabe bem que CR7 nunca gostou de ser substituído e menos ainda de estar no banco, mas os tempos são outros.
2 - Portugal cai nos mesmos erros
Há uma tendência muito perigosa da seleção portuguesa de perder coesão em alguns jogos decisivos. Nos últimos dois anos, aconteceu com a Bélgica, no último Europeu, antes já tinha sucedido frente à França, em casa na Liga das Nações. Em novembro, Portugal perdeu no último minuto com a Sérvia, o que obrigou à participação no play-off de acesso ao Mundial, e na terça-feira, novamente nos últimos instantes, a "Roja" garantiu o bilhete para a "final four". Aliás, o jogo com a Espanha foi semelhante ao da Sérvia: a seleção deixou-se dominar pelos nervos e caiu. Com tanta qualidade individual, torna-se difícil perceber o "desnorte".
3 - Substituições sem efeito
No Portugal-Espanha, as substituições fizeram a diferença. Luis Enrique conseguiu dar dinâmica e profundidade à sua seleção com a entrada, por exemplo, de Nico Williams que fez a assistência para o golo de Morata. Com a equipa lusa, foi o contrário. Fernando Santos apenas fez quatro alterações, entre as quais João Mário, que, no plano teórico, daria posse de bola à equipa, contudo não houve inspiração. Matheus Nunes e João Palhinha não saíram do banco, já Vitinha e Rafael Leão apenas entraram a 10 minutos do fim. Faltou ambição e a coragem de encontrar soluções num banco que, na terça-feira, era de luxo.
4 - Gestão do esforço
O selecionador afirmou no fim: "Tudo mudou e não sei porquê". Com um grupo de categoria mundial, permanece a incapacidade de colocar Portugal a jogar de forma mais mandona e, no seu discurso, há também a sensação de que tem dúvidas sobre o modo como pode alterar o cenário. No plano físico, poderia ter gerido melhor o esforço de duas partidas seguidas. Fez somente três mudanças nos onzes e frente à Espanha notou-se cansaço.