O Estágio do Jogador e Jogadora, destinado a futebolistas desempregados, arrancou esta quarta-feira em Odivelas, com a inédita introdução da vertente feminina, numa iniciativa promovida pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
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“Pela primeira vez, temos um estágio sem género. Foi uma adesão surpreendente das jogadoras. Temos cerca de 22 jogadoras já inscritas e termos uma equipa que é uma referência, com Carla Couto, Matilde Fidalgo e Micas, também é um fator de atratividade. Estou convencido de que muitas mais virão. É um espaço seguro, onde se cultivam valores e não exigimos nada, nós só queremos que elas tenham oportunidade de jogar futebol. É uma edição histórica”, disse Joaquim Evangelista.
Em declarações à Lusa durante a primeira sessão de treinos, realizada no Campus do Jogador, em Odivelas, o presidente do SJPF mostrou-se muito orgulhoso com o sucesso das últimas edições, nos quais apontou 62% de taxa de empregabilidade, e lembrou ainda a vertente formativa que o sindicato pretende incutir nos atletas.
“Temos muitas inscrições. Há uma seleção, pois só conseguimos ter aqui até 30 jogadores, para o estágio ser eficaz e ter resultados. À medida que os jogadores vão saindo, vão entrando outros. No conjunto, tivemos mais de 100 inscrições, é um número elevado. Estou convencido de que, depois deste arranque, há muitos jogadores que nem estão a pensar nisso e vêm inscrever-se”, sublinhou também.
Isabel Osório foi a treinadora convidada pelo SJPF para orientar o primeiro estágio feminino, numa equipa que também conta com Carla Couto, Matilde Fidalgo ou Micas, e destacou o engrandecimento que a iniciativa providencia ao crescimento.
“É uma excelente iniciativa por parte do sindicato, numa altura em que o futebol, em Portugal, está em crescendo no que toca ao feminino. Todas estas iniciativas vêm engrandecer ainda mais esse processo, que esperemos que nunca acabe. Eu espero que seja a primeira de muitas e sinto um orgulho imenso em fazer parte do primeiro Estágio da Jogadora”, afirmou a ex-defesa e atual treinadora do Ouriense.
Uma opinião corroborada pela jovem guarda-redes Carol, que se inscreveu neste estágio por não ter preparador físico e ser gratuito para toda a gente, olhando para a necessidade de melhorar a vertente física e técnico-tática para alcançar a elite.
“Eu ambiciono chegar à Liga BPI [primeira divisão]. Vou precisar de muito trabalho e começar pela terceira e segunda divisões, mas estou cá para evoluir e aprender todos os dias com as melhores”, realçou à Lusa a porta-voz do grupo de 11 atletas que marcou presença no primeiro treino, para além dos 19 jogadores masculinos.
Do lado masculino, o ex-médio José Pedro é o treinador, depois das passagens por Alverca, Vitória de Setúbal ou BSAD nessa função, com o grande objetivo de ajudar os jogadores “da melhor forma possível”, do ponto de vista físico e também social.
“O meu grande objetivo aqui é prepará-los da melhor forma, mas também tendo o lado social que o sindicato apresenta, com outras possibilidades de eles poderem seguir, na eventualidade de não conseguirem clube até ao fecho do mercado. São os dois pontos mais importantes e que me fizeram aceitar este convite”, explicou.
Com experiência profissional na I e II Ligas, ao serviço da BSAD, e na Liga 3, pelo Belenenses, o defesa nigeriano Chima Akas, de 31 anos, é um dos jogadores que integram este estágio, tendo já cruzado caminhos com José Pedro anteriormente.
“O meu principal objetivo é meter-me numa boa condição, porque treinar sozinho é diferente do que em grupo. Precisava de treinar assim para alguma oportunidade que surja. Quero voltar a jogar outra vez aqui. Voltei há pouco tempo do Kuwait, a minha família está cá, portanto seria bom”, salientou à Lusa o jogador, que elogia a competitividade do país, mas pede melhorias nos salários oferecidos.