Os clubes portugueses estão longe de ter o poder de compra dos grandes emblemas do futebol europeu, mas mantêm a capacidade para formar jogadores, valorizá-los e vendê-los para o estrangeiro por preços exorbitantes.
Corpo do artigo
Em matéria de exportações superaram o conceituado campeonato inglês, o que mais dinheiro movimentou no futebol europeu, mas que ficou aquém nas operações para o exterior, ao realizar 56,9 milhões de euros. Um factor que se explica de uma forma muito simples e vai ao encontro da própria cultura das instituições, cuja base de recrutamento assenta na própria Premier League.
Dragões na base do sucesso
À semelhança das épocas anteriores, o campeonato português distingue-se em matéria de vendas muito por força da acção do F. C. Porto, que voltou a ser o recordista interno e produziu metade do valor de todas as operações. Os dragões facturaram 60,5 milhões de euros pelas transferências de Falcao, Rúben Micael, mais metade do passe de Hélder Postiga e também porque o Chelsea perdeu a cabeça e bateu a cláusula de rescisão do treinador André Villas-Boas, estipulada em 15 milhões de euros.
Na liderança do ranking dos principais campeonatos europeus, a Espanha surge destacadíssima, ao contabilizar 204,6 milhões de euros em vendas para o estrangeiro, muito por acção do sensacional Atlético de Madrid. O clube colchonero facturou 80,8 milhões com as saídas para o exterior de Aguero, Forlán, De Gea, Elias (Sporting) e Ujfalusi, acabando por conseguir uma dos defesos mais lucrativos de sempre. Enquanto o sucesso do futebol italiano, que facturou 180,8 milhões em transacções para o estrangeiro, se deveu à máquina registadora do Palermo e do Inter de Milão, os clubes que mais se destacaram. O primeiro, só na venda do argentino Pastore para o Paris Saint-Germain, encaixou 43 milhões, enquanto o segundo contabilizou 34 milhões de euros com os negócios bem chorudos e inesperados de Etoo, Santon e Mariga.
Belgas à boleia de Portugal
Os emblemas franceses e belgas também estiveram particularmente activos em termos de vendas para o exterior, o que se explica pelo facto de o Lyon ter facturado 22 milhões de euros com as transferências de Toulalan para o Málaga e Pjanic para a Roma. No caso da Bélgica, a razão do sucesso passou muito pela acção do Standard de Liège, que se destacou pela transferência de jogadores para o futebol português durante o Verão. Encaixou 20 milhões só com os negócios dos promissores Axel Witsel para o Benfica e de Mangala e Defour para o F. C. Porto.
Ainda no último dia do mercado de transferências, o futebol português se distingiu da concorrência, ao registar 5,5 milhões de euros em apenas poucas horas, todos eles por acção do Sporting, com as vendas inesperadas de Yannick Djaló (ver página 45) para o Nice e de Hélder Postiga para o Saragoça, respectivamente.
Apesar das polémica, dos árbitros e das tricas entre dirigentes, exportar talentos futebolísticos e vendê-los por bom preço é mesmo uma especialidade portuguesa. Os números comprovam-no e são incapazes de mentir.