Utilização frequente de Pepê no lado direito da defesa portista não agrada a adeptos dos dragões. Cenário deverá repetir-se em Brugge.
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Tem sido um dos debates mais acesos desde o início da época portista e a discussão ganhou decibéis após a derrota da passada sexta-feira com o Benfica. A utilização de Pepê como lateral-direito causa muitas dúvidas na nação azul e branca, e os três adeptos dos dragões que o JN ouviu sobre o tema concordaram em discordar da opção já várias vezes tomada por Sérgio Conceição.
"A equipa fica amputada de um dos jogadores que melhor fazem a ligação entre o meio-campo e o ataque. Colocar Pepê na lateral de vez em quando poder-se-ia compreender. Fazê-lo por sistema é desbaratar o talento do jogador. Se os outros defesas direitos não dão garantias, é melhor não estarem no plantel e essa questão tem de ser resolvida em janeiro", disparou o advogado Carlos Abreu Amorim, corroborado pelo empresário Manuel Serrão: "É uma solução de recurso e os resultados não me fazem mudar de ideias: este é o plantel menos forte desde a chegada de Sérgio Conceição ao cargo de treinador do F. C. Porto. A polivalência de Pepê torna-o uma opção interessante para várias posições, mas a única explicação que encontro para o facto de ele ter sido o lateral nos jogos de maior responsabilidade é o técnico achar que nenhum dos outros é capaz de desempenhar melhor a função".
O letrista Carlos Tê estranha que Rodrigo Conceição não tenha continuidade na equipa titular, depois de ter dado boas indicações nos jogos em que alinhou de início. "Talvez Sérgio Conceição esteja a protegê-lo por entender que ainda não está suficientemente maduro. Não se percebe bem. Pensei que Rodrigo ia entrar no início da segunda parte do jogo com o Benfica, para Pepê avançar no terreno, mas isso não sucedeu. Pessoalmente, não gosto de vê-lo cá atrás. Perde-se um criativo, o que já aconteceu em épocas anteriores com Corona", sublinhou.
Dois golos e três assistências
Com João Mário castigado, por ter visto há duas semanas, em Leverkusen, o terceiro cartão amarelo na fase de grupos da Champions, o cenário de ver Pepê como titular no lado direito da defesa deve repetir-se no duelo de quarta-feira com o Brugge, na Bélgica.
Até agora, em 16 jogos disputados pelo F. C. Porto na época em curso, João Mário foi titular em nove, Rodrigo Conceição em quatro e Pepê em três (Manafá voltou recentemente à competição, depois da grave lesão sofrida no final do ano passado, mas ainda só fez 45 minutos pela equipa principal, no jogo da Taça com o Anadia).
O brasileiro já foi "puxado" pelo treinador para essa posição no decorrer de outras nove partidas, três das quais logo ao intervalo (Rio Ave, Brugge e fora com o Bayer) e mais seis durante as segundas partes (Vizela, Chaves, Estoril, Braga, Portimonense e em casa com o Bayer). O ex-Grémio jogou de início como lateral no triunfo sobre o Gil Vicente, na derrota fora com o Atlético de Madrid e no clássico com o Benfica, que os dragões perderam. Os números que apresenta são 15 jogos, sempre como titular (só não foi utilizado na Taça de Portugal), 1291 minutos em campo, dois golos e duas assistências na liga portuguesa e mais um passe decisivo na Supertaça.
Carlos Rui Abreu, advogado
"Jogar com Pepê na lateral parece-me um erro. É desbaratar o talento do jogador. Ele consegue cumprir o papel, mas a equipa perde criatividade e rapidez no ataque."
Manuel Serrão, empresário
"É estranho andar a jogar sem um defesa direito de raiz. João Mário também já foi uma adaptação. Pepê é um polivalente, mas não foi contratado para ser lateral."
Carlos Tê, letrista
"Rodrigo já mostrou que pode ser o melhor lateral direito desde Ricardo Pereira. Não gosto de ver Pepê desperdiçado cá atrás. Perde-se um criativo."
