Francesco Farioli, treinador do F. C. Porto, concedeu uma entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera", na qual abordou a chegada aos azuis e brancos, o forte arranque de temporada e ainda a pretensão de ter um defecho mais feliz que no Ajax.
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Depois de passagens pelo futebol turco, francês e neerlandês, Francesco Farioli, de 36 anos, abraçou um novo projeto na carreira e rumou até à cidade do Porto para orientar os azuis e brancos, após um desfecho amargurado no Ajax pela forma como o campeonato escapou nas últimas jornadas. Numa entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera", o técnico abriu o livro sobre esta fase.
"Grande parte da resposta é indescritível. Golos concedidos no final do tempo de compensação, outras circunstâncias incríveis. Adiciono uma certa fadiga e a arrogância típica de um clube dominante como o Ajax", começou por dizer.
"Não sou de todo supersticioso, mas naqueles dias deveria ter caminhado com chifres, trevos de quatro folhas e joaninhas. As pessoas estavam a falar de uma maneira aberta sobre festas, prémios, desfiles. Só eu é que continuei a repetir que nunca acaba até acabar e então o que querem que diga? Devo tê-lo amaldiçoado", acrescentou.
Passada esta fase menos positiva que culminou num "divórcio", Farioli acabou por contar como rumou ao F. C. Porto, pouco meses após deixar o Ajax, e os fatores que se revelaram decisivos para abraçar este novo projeto.
"O F. C. Porto tinha reunido informações em janeiro, depois o Mundial de Clubes convenceu-os a mudar. O facto de o presidente ser um antigo treinador como André Villas-Boas foi decisivo. Não me perguntou nada sobre o final da época, fui eu que introduzi o tema porque não queria que ficasse algo por dizer. Antes de assinar, não abriu um único vídeo, disse-me que já tinha visto o suficiente. Em vez disso, analisámos muitas coisas, jogadores, situações", revelou, deixando claro que desta vez pretende um desfecho melhor.
"Desta vez gostaria de mudar o final. Começámos bem, como fizemos em Nice e Amesterdão. Sou bastante rápido a entrar num novo ambiente e a trazer entusiasmo. Estudo o contexto, apresento um plano e sou flexível para ajustá-lo. E então ligo-me imediatamente aos jogadores mais experientes. Dante no Nice, Henderson no Ajax", atirou.
"Grande parte da resposta é indescritível. Golos concedidos no final do tempo de compensação, outras circunstâncias incríveis. Adiciono uma certa fadiga e a arrogância típica de um clube dominante como o Ajax", começou por dizer.
Na mesma entrevista, o técnico italiano traçou também a diferença de cultura entre os clubes: "Do Ajax é um futebol posicional, frio e organizado, uma religião. Eu acrescentei espírito de equipa e gosto pela batalha. A cultura do F. C. Porto é quase carnal: sacrifício, carrinhos, público em chamas. Eu estou a introduzir algumas jogadas codificadas para tornar o espetáculo mais aberto e completo. No Nice pedi um médio técnico, uma mistura entre um 8 e um 10, e os jornalistas ironizaram sobre a minha tendência hiper-ofensiva. No Ajax propus um par de jogadores capazes de aguentar choques e disseram que era o típico italiano defensivo. Trabalho sobre contrastes, tento preencher as lacunas. A melhor identidade é não ter uma identidade imutável".
Quanto a um eventual regresso ao futebol italiano, essa porta não está fechada: "Não descarto, mas a saída foi crucial para ultrapassar a parte em que diziam que era muito jovem", atirou.