Mais de dois meses depois, o F. C. Porto voltou a vencer, em casa, para a Liga. Mas só desfez o empate a quatro minutos do fim, por Farías, El Tecla, autor de dois remates certeiros. O Rio Ave, que é último, ainda assustou.
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Viu-se a primeira parte e parece que se estava a ver um filme de argumento pouco original. O F. C. Porto foi um espelho fiel do que protagonizou em outros jogos em casa: entrou nos limites, a cuspir fogo, a trocar bem a bola e a criar oportunidades em catadupa. Mas a bola não entrava. É o velho problema desta equipa, que respira uma ineficácia pouco habitual em relação a outras épocas. É verdade que o guarda-redes do Rio Ave protagonizou uma boa exibição, mas nem isso explica as dificuldades que o dragão tem para abrir a fechadura da baliza no início de todos os jogos. Ontem, contudo, os azuis e brancos regressaram às vitórias (3-1), em casa, para a Liga, depois de três empates consecutivos dentro de portas. Dois golos de Farías, "El Tecla", estiveram na base de um triunfo sofrido. Nos últimos quatro minutos, o argentino desfez o empate (1-1) e terminou com o desespero dos adeptos.
Houve de tudo no primeiro tempo: Raul Meireles acertou no ferro, Hulk imitou o gesto do colega e mandou a bola à trave, numa jogada magnífica, em que passa por três adversários e deixa os espectadores no limite dos festejos. E, claro, houve Paiva, um guarda-redes inspiradíssimo, que até se deu ao luxo de defender com os pés algumas bolas de fogo da máquina portista. Mas, desta vez, o F. C. Porto chegou ao intervalo a vencer, graças a um penálti muito bem marcado por Lucho González, depois de Gaspar ter derrubado Farías. Pela segunda vez consecutiva, o argentino marcou de grande penalidade, depois de ter mostrado igual eficácia diante do Benfica. Na retina, também ficaram os fogachos de Hulk, sempre imparável para abrir a teia defensiva do último classificado da Liga.
O marcador só não resistiu o segundo golo portista porque o auxiliar entendeu que Paiva defendeu um cabeceamento de Mariano em cima da linha de golo. Mas quem está na bancada fica com a sensação que a bola estava dentro da baliza. Jesualdo Ferreira surpreendeu: poupou Lisandro López e Rodríguez, ambos com quatro amarelos, apostando em Mariano González e em Farías. O primeiro voltou a ser o alvo de uma antipatia crescente do público, que ontem desesperou em alguns lances em que o argentino demorou a passar a bola. É, cada vez mais, um mal-amado. O segundo acabou por ser decisivo e o herói do encontro.
Mas o F. C. Porto não é uma equipa estável e nem sempre sabe ter as rédeas da partida. Entrou bem, mas baixou as rotações após o intervalo, o que foi fatal para quem precisava de garantir os três pontos e até ampliar a vantagem para ter outro conforto psicológico. É claro que também houve mérito do Rio Ave pela forma como se adiantou no terreno, optando por uma troca de bola mais criteriosa. Miguel Lopes, futuro reforço portista, esteve em excelente plano, provando que foi uma contratação acertadíssima, causando sempre muitos problemas. Ao intervalo, Jesualdo Ferreira tirou Fucile, com quatro amarelos e lesionado, optando por lançar Tomás Costa para a posição seis e fazendo recuar Fernando para lateral direito. E a máquina emperrou. Emperrou também porque o recém entrado Candeias, emprestado aos vila-condenses pelos portistas, explorou bem as fragilidades do brasileiro, mais rotinado a jogar a trinco.
O jovem extremo assustou por duas vezes, mas seria Fábio Coentrão a deixar a defesa portista em sentido. Primeiro acertou no poste, depois deu o empate ao Rio Ave, num remate em arco, de longe, a deixar os adeptos portistas à beira de um ataque de nervos. O extremo provou que tem apetência para marcar no Dragão, onde na época passada já tinha assinado dois golos pelo Nacional. E o F. C. Porto sentiu o soco no estômago, quase se desencaixou, passando a jogar mais com o coração do que com a cabeça. Mas o Rio Ave não aguentou o aquele caudal ofensivo e demorou a estancar as investidas. Num desses lances, Bruno Alves cruzou para a cabeça de Farías e os dragões passavam a estar em vantagem. Perto do fim, "El Tecla" bisou, a passe de Lisandro López. Mas os adeptos apanharam um grande susto. Será que a equipa aprendeu?