Clube por onde passaram nomes como Mário Wilson, Eurico Gomes, Manuel Fernandes ou Agostinho Caetano procura reerguer-se, 30 anos depois de ser despromovido da I Divisão. Regresso às meias-finais da Taça de Portugal, mais de cinco décadas depois, pode ser impulso importante.
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Pela primeira vez, ou seja desde 1922, uma equipa do quarto escalão vai disputar as meias-finais da Taça de Portugal. Essa honra caberá ao Tirsense, que, como em 1971, pode discutir um lugar no Jamor com o Benfica, assim as águias ultrapassem o Braga, esta quarta-feira, noutro jogo dos quartos de final. Mas isso é um pormenor. Os "jesuítas" fizeram história ao derrotar o Elvas (0-2) e estão de volta aos grandes palcos do futebol português, 30 anos depois de serem despromovidos da I Divisão.
Depois de uma década de 1990 formidável, em que chegou a estar perto de um apuramento inédito para as competições europeias, o Tirsense foi caindo patamares e bateu no fundo em 2016, quando caiu no futebol distrital. Longe vão os tempos, portanto, em que nomes como Mário Wilson, Agostinho Caetano, Eurico Gomes ou Manuel Fernandes davam brilho ao emblema de Santo Tirso. Os tempos são outros, mais modestos, e também por isso o regresso às meias-finais da Taça de Portugal, 54 anos depois, é um feito memorável.
Se no Campeonato de Portugal o cenário não é tão animador (o clube está dois pontos acima dos lugares de descida ao futebol distrital), na prova rainha o percurso é irrepreensível. Primeiro com Luís Norton de Matos e depois com Emanuel Simões, os ‘jesuítas’ beneficiaram, é certo, de nunca terem defrontado um adversário dos escalões profissionais, mas tiveram o mérito de tirar todo o proveito dos sorteios mais ou menos favoráveis.
Venceram os cinco jogos, marcaram oito golos e sofreram apenas um. Afastaram o Caldas (1-2), o único adversário de uma divisão superior, na terceira eliminatória, o Vieira (2-0), da AF Braga, o Brito (0-1), o Rebordosa (1-0) e o Elvas (0-2). A última vitória, no Alentejo, fez-se com golos de Júnior Franco e Daniel Rodrigues, tornando ainda mais especial o jogo 190 de João Martins pelo clube. Natural de Santo Tirso, o defesa não vestiu outra camisola que não a do Tirsense e passou a ser, a par de Agostinho Caetano, o jogador que mais vezes representou os ‘jesuítas’.
À procura de encontrar o caminho de volta aos palcos maiores do futebol português, o Tirsense volta a ser relevante ao mais alto nível e pode ter encontrado o impulso que lhe faltava para se reerguer.