O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, disse esta quinta-feira que o impasse nas eleições da Liga de clubes "dá uma imagem muito negativa do futebol", manifestando-se preparado, se necessário, para organizar as competições profissionais.
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"Estão previstas na lei as condições em que as competições profissionais podem cair na esfera da federação. Não deixaremos de as organizar se estiverem em risco. Mas isso terá de ser delegado pelo próprio Governo e será sempre uma organização temporária", observou Fernando Gomes.
O presidente da FPF comentou o processo eleitoral da Liga de clubes durante o debate subordinado ao tema "Formação: O futuro e a sustentabilidade do futebol português", realizado em Lisboa, para assinalar que "não é uma situação desejável e dá uma imagem muito negativa do futebol".
"A Liga é uma associação de direito privado e são os seus sócios que têm de resolver o problema, porque foram os seus sócios que elegeram o presidente", lembrou Fernando Gomes, reafirmando que "quem tem capacidade de intervir é o Governo", ainda que a FPF também possa vir a "sofrer as consequências".
O líder federativo explicou que a Liga de clubes gasta 12 milhões de euros (ME) apenas com a organização das provas profissionais e a arbitragem e gera receitas de três ME, pelo que tem um défice de exploração de nove ME.
"Só a federação tem uma dívida de dois milhões de euros. Se for [chamada a FPF a organizar as competições profissionais] só para cobrir os custos de funcionamento devo dizer que não temos essa capacidade. Nem devemos ter", assinalou.
Mário Figueiredo foi reeleito para um segundo mandato à frente da Liga nas eleições de 11 de junho, mas o ato foi anulado pelo Conselho de Justiça (CJ) da FPF, que mandou repetir as eleições, por considerar que as listas encabeçadas por Fernando Seara e Rui Alves -- rejeitadas pela Mesa da Assembleia-Geral - eram válidas.
Fernando Gomes mostrou-se também "muito preocupado" com a decisão da FIFA de proibir que os direitos económicos dos futebolistas sejam partilhados com fundos de investimento, como acontece em Portugal com alguns clubes, anunciada na sexta-feira após uma reunião do Comité Executivo, em Zurique (Suíça).
"Haverá um período de transição, de três ou quatro anos, relacionado com a duração dos atuais contratos dos jogadores ligados a esses fundos, para que os clubes possam adaptar-se e procurar alternativas. Mas a questão dos fundos preocupa-nos, naturalmente", admitiu.
No âmbito do debate promovido pelo International Club of Portugal, Fernando Gomes lamentou o "hiato" na formação do futebol português, entre 2004 e 2009, que "tem hoje impacto significativo na composição das seleções nacionais".