Estados Unidos, Espanha e Países Baixos pagam bónus idênticos a homens e mulheres.
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A procura de igualdade salarial entre futebolistas femininas e masculinas recebeu este ano alguns passos positivos. Estados Unidos, Espanha e Países Baixos confirmaram nos últimos meses que passam a pagar de igual maneira a homens e mulheres que representem as seleções nacionais nas qualificações e fases finais. Em Portugal, a medida ainda não avançou e, apesar de se reconhecer a importância, é apenas uma de várias alterações que o futebol feminino precisa para crescer. Diz quem conhece o meio como as próprias mãos.
"Esperemos que a Federação siga o exemplo das outras, mas acredito que não será assim tão cedo. Não diria que seja um passo essencial, há outros que têm de se dar antes, mas temos de caminhar também para isso", afirma, ao JN, a vice-presidente do Valadares Gaia, Manuela Fonte.
Raquel Sampaio, agente de várias das jogadoras que vão representar a seleção nacional no Europeu, acredita que tal medida é insuficiente para um crescimento sustentado. "Os prémios de competição não resolvem tudo. Temos um problema muito maior que isso. Isso é um passo que tem de ser dado, a nossa Federação é vista como uma das maiores a nível mundial e ficar para trás é um sinal de que não se aposta na modalidade tanto quanto se deveria. As atletas merecem e esse passo deve ser dado. Mas há muito mais a fazer além disso. Estamos a falar de centenas de clubes que precisam de apoio e que não o têm", diz, explicando que a desigualdade salarial ao nível de clubes entre masculino e feminino se deve a "dois produtos diferentes", mas que "o nicho do futebol feminino não está a ser bem explorado". "O produto tem de ser bem vendido por Federação e clubes", diz.
O treinador do Torreense, Daniel Marques, considera que a igualdade nos prémios é "um passo importante", mas que a Federação deve apostar forte na formação. "Essa será a base e o suporte do futebol feminino. Daqui a alguns anos, podemos ter uma seleção sub-17, como a que temos agora com muita qualidade, que ajudará a ter uma base de abastecimento para que necessitemos, cada vez menos, de jogadoras estrangeiras", conclui.