Número de clubes e de praticantes de futebol feminino sobe há 10 anos em Portugal. Seleção beneficia com maior leque de escolhas e aponta ao Europeu.
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O crescimento do futebol feminino em Portugal é inegável. A modalidade tem apresentado aumentos consideráveis em todos os parâmetros, desde o número de atletas ao número de clubes, passando também pela redução da taxa de abandono e, em especial, nota-se um crescimento grande ao nível da formação. A seleção sénior feminina é prova viva deste crescimento e, em julho, inicia a participação no Campeonato da Europa, em Inglaterra (decorre entre os dias 6 e 31), naquela que é a segunda presença em grandes competições das atletas portuguesas.
Para se ter uma ideia, em 10 anos o número de atletas quadruplicou e o número de clubes com equipas de futebol feminino quase duplicou [ver gráfico ao lado]. A média de idades da primeira inscrição fixa-se abaixo dos 15 anos e, na última época, situou-se nos 12,9 anos, o registo mais baixo desde 2011/12.
Apesar do desenvolvimento notório, o próximo passo para fazer crescer a modalidade passa pela profissionalização e melhores salários. Em Portugal, as jogadoras profissionais reduzem-se a pouco mais de uma centena. "Temos atletas que aos 18 anos deixam de jogar porque o futebol não lhes dá sustento. A curto prazo é difícil esperar a profissionalização. O foco está em aumentar o número de atletas, em especial na formação", diz, ao JN, Sara Pereira, coordenadora de futebol feminino do Valadares Gaia.
"O feminino teve um crescimento grande nos últimos cinco anos, mas sinto estagnação nestes últimos dois. A Federação tem de evitar isso. É preponderante nesta fase da modalidade que vivemos", explica Raquel Sampaio, fundadora da primeira agência exclusivamente ligada ao futebol feminino.
Daniel Marques, treinador do Torreense, corrobora a opinião de crescimento para o nível profissional. "Ainda demorará algum tempo a levar ao desenvolvimento e consolidação do futebol feminino em Portugal. Há reticências quando se olha para o feminino financeiramente e faltam alguns apoios", explica.