Selecionador disse que só a equipa de 2016 merece estatuto dourado, mas os campeões mundiais sub-20 não concordam.
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O final do jogo de Portugal com a Turquia, que valeu à equipa de Fernando Santos a passagem à final do play-off de acesso ao Mundial 2022, ficou marcado por uma declaração polémica do selecionador, segundo o qual "a única geração de ouro do futebol português" é a que ganhou o Euro 2016 e a Liga das Nações. "Tenho pena de o afirmar, mas só esta geração, que toda a gente pede que substitua, trouxe medalhas de ouro para Portugal", disse o técnico nacional.
Questionados pelo JN, três campeões mundiais de sub-20, em 1989 e 1991, integrantes daquela que ficou conhecida por "geração de ouro" há três décadas, são unânimes a discordar de Fernando Santos, mesmo que digam que as opiniões são todas para respeitar.
"É um bocadinho injusto ouvir isso. Todo o trajeto que culminou com a vitória no Europeu teve origem na transformação que o futebol português sofreu a partir dos títulos de Riade e Lisboa. Vivemos agora num contexto muito diferente, estamos noutro patamar e as próprias fases finais mudaram. Dantes, nenhuma equipa que ficasse em terceiro lugar de um grupo seguia em frente. Felizmente, isso aconteceu em 2016 e Portugal pôde continuar rumo à final que ganhou, com todo o mérito", afirma Tozé, o antigo médio que levantou a taça de campeão mundial de sub-20, em Riade, há 33 anos.
Paulo Alves, avançado dessa equipa de 1989, diz que "na altura, Portugal não contava muito a nível internacional" e que Fernando Santos pode ter razão, mas "se estiver a referir-se apenas a competições seniores". "Não foi por acaso que a tal geração ganhou dois títulos mundiais seguidos de sub-20 e é preciso não esquecer a carreira internacional que jogadores como Figo, Rui Costa, Fernando Couto, João Vieira Pinto ou Paulo Sousa fizeram. Muitos deles estiveram no Euro 2004 e ganharam a prata. É tudo uma questão de nomenclatura, mas recordo que não foram os jogadores dos títulos mundiais que se autointitularam de geração de ouro", refere, corroborado por Nélson, defesa da equipa campeã em 1991.
"A nossa geração lançou as bases de toda a estrutura, para que depois aparecessem os resultados. Além disso, a responsabilidade que a seleção tem agora não era a mesma há 30 anos. A chamada geração de ouro contribuiu de forma decisiva para o sucesso atual", sublinha o antigo lateral-direito.
Por dentro
Mira na final
A seleção portuguesa começou a preparar o jogo decisivo com a Macedónia do Norte, num treino no Bessa. Os titulares com a Turquia fizeram trabalho de recuperação física e Fernando Santos contou, no relvado, com 14 jogadores, incluindo Cancelo, que falhou o jogo de anteontem devido a castigo.