Guarda-redes demite-se da presidência mas vai continuar a guardar a baliza do Melres
Durante oito meses, Paulo Rocha desempenhou as funções de presidente do Melres, ao mesmo tempo que era guarda-redes do clube que milita na 1.ª Divisão da A. F. Porto. Demitiu-se da liderança dos gondomarenses, mas vai manter-se como o dono da baliza.
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Paulo Rocha deu os primeiros passos no futebol no Melres, freguesia do concelho de Gondomar e de onde é natural, mas passou muitos anos a percorrer vários clubes da A. F. Porto, como o Avintes ou o Crestuma, tendo até representado o Sousense no Campeonato de Portugal, antes de voltar ao emblema que tanto ama, em 2019.
Inicialmente voltou apenas para cumprir as funções de guarda-redes mas, no arranque de 2022/23, lançaram-lhe um desafio: assumir a presidência do Melres, enquanto desempenhava as funções de jogador de futebol. "Deram-me a oportunidade de juntar uma equipa diretiva para ajudar a crescer o clube da minha terra. Achei que era uma experiência interessante e aceitei o desafio com muito gosto", começa por explicar, ao JN, Paulo Rocha.
No entanto, o dirigente/jogador, de 33 anos, não estava preparado para a forma como as coisas iam decorrer. Cedo se apercebeu que a tarefa seria bastante mais complicada do que estava à espera. "Tinha um projeto bem definido e comecei a época com uma Direção formada por 19 pessoas. No início tudo estava a correr bem, até que, com o tempo, fiquei com apenas quatro elementos e perdi a força e a vontade de continuar", explica o jogador, que trabalha como motorista de pesados.
Este acumular de funções trouxe alguns dissabores inesperados, mas Paulo Rocha garante que "a partir do momento em que entrava no balneário era apenas um jogador e os colegas de equipa percebiam essa diferença".
Em oito meses de presidência criou uma equipa de sub-17 e outra de sub-23 no Melres, elevando o número de atletas na formação de 40 para 90. Sonhava ainda com a criação de uma equipa feminina, mas o objetivo foi impossível de concretizar. Não se arrepende, contudo, da experiência. "Tive propostas para ir defender a baliza de equipas da Divisão de Elite, da A. F. Porto, mas quis ajudar o meu clube. Não correu como esperava. Se pudesse voltar atrás, teria feito exatamente a mesma coisa. Saio de consciência tranquila e não fecho as portas a um eventual regresso à Direção", admite o guarda-redes da equipa de Gondomar.
Quanto ao futuro, garante que, "enquanto tiver forças", quer continuar a ajudar o Melres, clube onde sonha terminar a carreira, mas não fecha portas a outras oportunidades de evoluir no futebol distrital.
O Melres é o 12.º classificado da Série 1, da 1.ª Divisão Distrital, e está a lutar pela permanência, tendo uma margem de 11 pontos para a zona de despromoção.