Candidato quer um Benfica com aposta vincada na formação e que crie consensos.
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O especialista em Direito Desportivo e docente, de 42 anos, foi o primeiro a apresentar-se como candidato à presidência dos encarnados, lançando-se com o lema "Benfica vencerá". João Diogo Manteigas é um assumido defensor da formação e considera que o recente mandato de Rui Costa foi um fracasso. O candidato diz ser pessoa de consensos e pretende aplicar isso na negociação dos direitos televisivos, no eventual regresso de Bernardo Silva e na relação com Bruno Lage.
Foi o primeiro dos candidatos a avançar. Por que razão o fez quando ainda faltava uma época inteira até às eleições?
Não sou situacionista nem oposicionista. Em termos de candidatura, é-me indiferente se o Benfica ganhava ou perdia. Precisava de me tornar conhecido entre os benfiquistas. Sou trabalhador, especializado na área há 18 anos, mas tinha de andar na rua, durante algum tempo, para perceber o que querem os sócios.
E daquilo que tem ouvido, sente um desejo de mudança?
É inevitável que os benfiquistas queiram ganhar mais. Este mandato foi um fracasso. Sou uma alternativa para os benfiquistas ouvirem, debaterem e serem ouvidos.
Bruno Lage está a tomar partido nestas eleições?
Parece ter-se posicionado há meses, quando, numa conferência de Imprensa tomou partido do presidente. Não faço ideia se quer manifestar solidariedade à direção que apostou nele. As pessoas não gostam disso. A comunicação do Benfica e os seus conselheiros deviam dizer-lhe para parar.
Se vencer o que vai discutir com ele?
A aplicação do nosso modelo desportivo. O Benfica tem de reduzir o número de jogadores, tendo mais qualidade e menos quantidade. Deve apostar e reter os talentos da formação e otimizar a abordagem ao mercado, pois vende bem, mas compra muito caro.
Respeitando o contrato de Bruno Lage, que perfil procurará num treinador?
Não ter medo de apostar na formação. Se o Bruno Lage não quiser terminar a época connosco, entra a aposta imediata na formação. Não vou desmembrar o onze, mas temos de começar a transição. Nas cinco ligas europeias principais [big five], aprende-se que a época seguinte se prepara em outubro do ano anterior.
Está a pensar num treinador dessas "big five"?
Relaciono-me e sou advogado de dois treinadores das "big five", mas nenhum é opção, são muito caros. É preciso restrição financeira. Um treinador que ganhe 5 milhões de euros líquidos por ano é muito caro para Portugal.
Sérgio Conceição e Jorge Jesus estão nesse lote?
Caríssimos, é incomportável. O Benfica não deve deixar de apostar desportivamente, mas não deve exagerar na contratação imediatamente a seguir a Bruno Lage.
Nesse sentido, o Benfica precisa de um jogador como Bernardo Silva?
O Bernardo Silva não é um mero jogador, é também um agente político, no bom sentido. Faz 32 anos e não o vejo a querer jogar até muito tarde como Cristiano Ronaldo. Em 2026 será um jogador livre, mas se o Benfica não mudar, tenho sérias dúvidas de que negoceie. Com a continuidade do "vieirismo" ou de Rui Costa, o Bernardo não vai negociar.
No tema da centralização dos direitos televisivos, o que pretende fazer se for eleito?
Esta direção abandonou o processo, o que foi um erro. Pegou no desastre que foi a final da Taça de Portugal e decidiu sair das reuniões da centralização. O Benfica tem de liderar o processo. Pode ser o maior prejudicado ou beneficiado.
Se for eleito, terá uma relação institucional complicada com Liga e Federação?
Exatamente o contrário, teremos uma relação transparente. O facto de não me identificar com ideias de outros não me desobriga de sentar e entender-me. v