João Koehler e o empréstimo obrigacionista do F. C. Porto: "Não haverá limite para a vergonha?"
João Koehler, empresário e vice-presidente na lista de Pinto da Costa durante a campanha eleitoral do F. C. Porto, critica o prazo de 25 anos do empréstimo obrigacionista: "O F. C. Porto não se está a financiar mais barato nem melhor, está é a financiar-se a um prazo maior, para quem vier a seguir ter de resolver".
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Na quinta-feira, o F. C. Porto anunciou um empréstimo obrigacionista de 115 milhões de euros com um prazo de 25 anos e uma taxa de juro de 5,62% que terá como objetivo baixar o passivo, pagar a fornecedores e abater empréstimos anteriores. Mas a estratégia financeira da SAD já mereceu críticas de João Koehler, que fazia parte da lista de Pinto da Costa às eleições de abril passado, na qualidade de vice-presidente.
"Ainda não se conhecem os detalhes todos do financiamento hoje anunciado, mas já há aspetos muito óbvios: o F. C. Porto não se está a financiar mais barato nem melhor, está é a financiar-se a um prazo maior, para quem vier a seguir ter de resolver", escreveu o empresário nas redes sociais.
"Senão, repare-se: a Euribor está hoje abaixo de 2,5% enquanto em abril estava em 3,8%. Ou seja, esta taxa hoje anunciada equivale a uma taxa semelhante acima de 7% em Abril, considerando as diferenças de Euribor. Em 2023, a administração anterior, tão criticada, lançou uma emissão de obrigações a 6,25% e dois anos antes, a 4,75%. Portanto, a taxa de hoje é semelhante às anteriores na realidade, mas nessas operações o prazo era de dois ou três anos, não 25 anos, com juros acumulados e insustentáveis", adiantou ainda João Koehler.
O empresário esclareceu ainda que "o financiamento atual é semelhante em taxas a anteriores, mas é imensamente pior em termos de prazo", destacando: "Não é só pior, é terrivelmente pior". Em seguida volta a criticar a estratégia do F. C. Porto: "Por outro lado, não vai parar de aumentar o prazo em que este presidente promete resolver os problemas? Primeiro falava-se num mandato, depois eram precisos 12 longos anos, e já vamos em 25 anos? Um quarto de século? Não haverá limite para a vergonha? Em 2049 estarão os nossos filhos a pagar este financiamento apresentado como se fosse uma solução, quando mais parece a criação de problemas maiores e com prazos que, sobretudo com este nível de juro acumulado, parecem mais uma anedota do que uma proposta séria".
"O comunicado deixa-nos outras preocupações: então nem todo o dinheiro é para pagar a dívida, uma parte é para investir? Não há gestão, criatividade e energia para aumentar as receitas do clube para afrontar investimento? É aumento de dívida outra vez? Será que já se percebeu que estamos a falar de pagar quase 100 milhões só em juros? É esta a (in)capacidade desta liderança? Fazer um empréstimo a um quarto de século, ainda para mais para gastar mais dinheiro que não é estritamente necessário, sem se explicar porquê, onde e em que dimensão?", sublinhou o empresário.
"Quanto ao investimento, eu nunca faria mais dívida. Eu fazia diferente: Apostava forte na internacionalização do clube, criava um banco digital baseado na massa adepta, aumentava as receitas televisivas a sério, jogava ao ataque. Isto é jogar à defesa. Infelizmente, pagar os 115 milhões em 25 anos é hipotecar o clube com custos financeiros desproporcionais por mais de duas décadas, que correm o risco de tornar o descalabro desportivo duplo da última semana uma triste nova normalidade", finalizou João Koehler, que durante a campanha eleitoral chegou a duvidar de que André Villas-Boas tivesse um instrumento de financiamento com uma taxa de juro na casa dos 5%.