Tânia Chaves ficou sem uma perna mas não desistiu do desporto. Hoje, é a melhor escaladora portuguesa adaptada
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Costuma dizer-se que a grandeza de alguém se mede não pela quantidade de vezes que cede perante as barreiras da vida, mas pela forma como se levanta e ultrapassa os obstáculos que lhe são impostos. Tânia Chaves, de 26 anos, provou, desde muito cedo, que estava destinada a grandes feitos, mesmo com a partida ingrata que a vida lhe pregou.
Aos 14 anos, a jovem transmontana, natural de Valpaços, ficou a saber que tinha um osteossarcoma, um tumor maligno com origem em células que formam o osso, os osteoblastos, que pode aparecer, sobretudo, no joelho ou na parte superior do braço.
Apesar dos tratamentos de quimioterapia, o cancro espalhou-se e Tânia Chaves, a menina que adorava praticar desporto, correr e jogar à bola com os rapazes, teve de amputar uma perna. Mas recusou assumir tal infelicidade como uma sentença. "Desistir não faz parte do meu dicionário", garante, ao JN.
E não faz mesmo. Hoje, pratica escalada e faz história, ao ser a atleta portuguesa com os melhores resultados na modalidade em provas nacionais e internacionais. "Sempre gostei muito de desporto e não era este problema que me ia fazer parar. Nunca tinha praticado escalada, andava no crossfit. E depois tive de escolher. Optei pela escalada, porque gosto muito de competir e esta modalidade permite-me fazer isso mesmo. Em 2019 sagrei-me campeã nacional e participei num World Championship, em França, no qual fiquei em quinto lugar. Este ano, participei em três provas Mundiais. Em duas fiquei em terceiro na minha categoria, no World Cup, e na outra, no Championship, fiquei em segundo", acrescenta.
A escalada, essa, surgiu por acaso, com o treinador pessoal a alertá-la para uma escola da modalidade, o Clube de Escalada de Braga, que também tinha aulas adaptadas. E foi aí que a jovem atleta conheceu Filipe Costa, o atual treinador.
"Quando a Tânia começou a treinar connosco, disse-lhe que tinha a ambição de ser a primeira pessoa a levar um atleta adaptado ao Campeonato do Mundo. E já conseguimos esse objetivo. Ela foi a atleta portuguesa a chegar mais longe e tem os melhores resultados da modalidade, seja adaptada ou não. Tem sido um exemplo muito grande de força, superação e, ao mesmo tempo, de naturalidade", conta o treinador, de 39 anos.
E agora, o objetivo é outro: os Jogos Paralímpicos. "Estamos a tentar que a escalada marque presença nos Jogos e já se está a tratar disso. Espero que ela esteja nos Jogos Paralímpicos de 2028, em Los Angeles, e que consiga ganhar uma medalha. E eu acredito muito nisso", garante Filipe Costa.
E é impossível não acreditar.