Kamada, o craque tímido que dorme 12 horas por dia e não gosta de fazer carrinhos
O médio ofensivo Kamada pode ser o primeiro japonês a vestir a camisola das águias, que estão perto de o contratar a custo zero.
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Daichi Kamada chegou a Frankfurt desconfiado, com um pé atrás e uma timidez que não lhe facilitou a vida nos primeiros tempos na Alemanha, onde aterrou em 2017, depois de se ter destacado ao serviço do Sagan Tosu, no Japão.
Na primeira temporada não fez mais do que quatro jogos e chegou a ser posto à parte do plantel, seguindo-se uma passagem pelo futebol belga que seria decisiva para a afirmação na Europa. Foi no Sint-Truiden que tudo começou realmente e que o devolveu ao Eintracht como novo, mais descontraído e mais risonho. Pelo menos foi essa a impressão do treinador do Frankfurt da altura, Adi Hutter, que fez questão de a partilhar publicamente.
"Claro que no início era mais reservado, tinha que me adaptar a um país novo e pessoas novas, mas não acho que me esteja a comportar de maneira muito diferente", disse Kamada, em entrevista ao site oficial do clube. Também não foi fácil convencer os adeptos, que o viam, de acordo com o site "DW", "desligado, letárgico" e pouco dado a ir ao chão e a fazer carrinhos. "Sei que não sou o jogador mais preferido dos adeptos e que o meu estilo de jogo é criticado, mas o que dizem o treinador e os meus colegas é mais importante. Se eles estiverem satisfeitos, estou feliz", reagiu Kamada no programa "Hessischer Rundfunk".
Oliver Glasner, atual treinador do clube alemão, rendeu-se rapidamente a Kamada. "Raramente encontrei um jogador tão inteligente. A sua capacidade para perceber e antecipar onde estarão as zonas perigosas é excelente", destacou.
A verdade é que o internacional japonês prepara-se para deixar o Eintracht como uma das principais figuras dos últimos anos, acumulando 172 jogos e 37 golos, 13 deles esta época, que já é a sua melhor de sempre. Na época passada foi decisivo para o clube conquistar a Liga Europa, com golos importantes nos oitavos de final e na meia-final.
Para trás, agora que Kamada se prepara para conhecer outro país, outra cidade e novas pessoas, ficará também a estadia de cinco anos em Frankfurt, onde, apesar do início hesitante, o japonês se integrou perfeitamente, ou não tivesse ele vivido sempre no atarefado centro da cidade. Se calhar, o facto de dormir 12 horas por dia, de acordo com o "Frankfurter Rundschau", também ajudou. Gostar de andar de bicicleta é outra particularidade do jogador japonês, que já foi visto a chegar várias vezes aos treinos do Frankfurt nesse meio de transporte.