A confirmação dada por Kylian Mbappé de que irá deixar o PSG em 2024 deixou o mundo do futebol em alvoroço e, tal como há um ano, quando rejeitou o Real Madrid para renovar pelo campeão francês, voltou a fazer dele o centro de todas atenções.
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Há jogadores que, ano após ano, centram atenções a cada janela de transferências, seja pelo talento, pela precariedade do seu contrato ou por atuarem num campeonato periférico, fatores que os colocam, de forma constante, no radar dos tubarões do futebol mundial. Em certa medida, Kylian Mbappé combina todas essas características, tornando-se numa espécie de unicórnio do mundo da bola, apenas ao alcance dos clubes mais poderosos, ainda que nem todos pareçam interessados em embarcar nessa aventura.
Aos 24 anos, Mbappé é já uma figura de amplitude global. Nascido nos subúrbios de Paris, filho de um futebolista e de uma andebolista, despontou para o futebol no Mónaco, depois de ter sido rejeito pelo Chelsea ainda na adolescência.
Estreou-se na equipa principal monegasca com apenas 16 anos, pela mão do treinador português Leonardo Jardim, e rapidamente se transformou num fenómeno, tendo sido peça fundamental para a conquista da Liga francesa em 2017, ano em que o Mónaco atingiu ainda as meias-finais da Liga dos Campeões.
Ciente do diamante em bruto que se lhe apresentava por diante, o PSG não teve qualquer problema em pagar 180 milhões de euros ao rival por um jovem de apenas 18 anos. Essa seria a primeira loucura cometida pelos parisienses para manterem Mbappé numa autêntica constelação que foram renovando a cada final de época.
Até 2022, ano em que expirava o seu vínculo com o PSG, Mbappé colecionou títulos internos e afirmou-se em definitivo no panorama europeu e mundial pela qualidade do seu futebol, que se pode traduzir em números. Foram 171 golos em cinco anos só no clube da capital francesa, período durante o qual ainda se sagrou campeão do Mundo e conquistou a Liga das Nações ao serviço da seleção.
Num clube em que o dinheiro nunca foi problema desde que a Qatar Sports Investments o adquiriu, em 2011, seria de esperar que a continuidade de Mbappé fosse um tema de fácil de resolução, mas o avançado começou a dar sinais de que não estaria totalmente satisfeito em Paris, adiando até ao limite uma decisão quanto à renovação do contrato.
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Por fora corriam vários pretendentes, mas só um viu o interesse retribuído pelo craque francês: o Real Madrid. Os merengues chegaram mesmo a ter tudo acertado com o jogador, só que o PSG estava disposto a tudo, literalmente, para o manter no clube. Num volte-face por muitos imprevisto, Mbappé decidiu continuar em Paris, persuadido por um acordo que lhe dava poder de decisão no que diz respeito à contratação de jogadores, treinadores e dirigentes, mas também, claro está, por um contrato estratosférico. Logo à cabeça recebeu 300 milhões de euros como prémio de assinatura, aos quais acrescem um ordenado com crescimento anual progressivo, que começou nos 56,4 milhões de euros. Era dinheiro a mais até para um clube como o Real Madrid.
O cenário de saída ficou em suspenso durante alguns meses, mas um novo falhanço do clube na Liga dos Campeões e alguns episódios internos fizeram renascer, rapidamente, a possibilidade, que ganhou contornos mais nítidos após a confirmação do jogador de que não irá acionar, em 2024, a cláusula que lhe permitiria renovar por mais uma época com o PSG.
Em entrevista ao jornal italiano "Gazetta dello Sport", Mbappé salientou que o seu objetivo é "ganhar tudo", lamentando as "carências" evidenciadas pela equipa, sobretudo, no plano europeu. "Sabíamos que mais cedo ou mais tarde acabaríamos por pagar por isso. Todos querem ganhar a Liga dos Campeões, mas é preciso haver uma exigência constante. É preciso trabalhar duro para ser melhor que os outros", explicou, acrescentando: "Individualmente, há alguns anos que me mantenho em níveis elevados, por isso quero continuar a progredir para permanecer sempre no topo".
A Liga francesa, a quinta melhor da Europa, tornou-se demasiado pequena para o estatuto que Mbappé já granjeia, e o craque sente ter chegado o momento de dar o salto para uma realidade competitiva mais condizente com o nível do seu futebol.
Sem surpresa, o Real Madrid volta a olhar para o internacional francês com atenção, mesmo que a nega dada no último verão não tenha sido fácil de superar. O clube espanhol jogará, agora, com a vontade expressa por Mbappé em deixar o Parque dos Príncipes daqui a um ano, cenário que o PSG pretende evitar, admitindo até vender o passe do jogador, algo que nunca considerou, por exemplo, em 2022.
O Bayern Munique, antevendo talvez tudo o que implica ter um futebolista tão mediático no clube, já se colocou de parte no verdadeiro leilão que se avizinha pelo jogador, que terá na poderosa Liga inglesa alguns pretendentes. Logo à cabeça o Manchester City, que venceu recentemente a Liga dos Campeões, mas também o vizinho United ou até o Chelsea, caso as regras financeiras impostas pela UEFA o permitam.
Certo é que quem contratar Kylian Mbappé ficará com um jogador que vale muito mais do que aquilo que faz em cada jogo. Com tudo de positivo e de desafiante que isso acarreta.