O ex-ciclista norte-americano Lance Armstrong afirmou, numa entrevista divulgada na sexta-feira, que pretende e merece regressar às competições desportivas, depois de ter admitido que as vitórias da sua carreira se deveram ao doping.
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"Competições é o que fiz a minha vida inteira. Adoro treinar e correr", disse na segunda parte da entrevista concedida à apresentadora de televisão norte-americana Oprah Winfrey na sua mansão em Austin, Texas, salientando que não pretende voltar a entrar na Volta a França, mas que "há muitas outras coisas" que podia e gostaria de fazer, como participar na Maratona de Chicago.
Armstrong considera que merece "ser castigado", mas disse não estar seguro de que merecerá a "pena de morte", apesar de ter manifestado a sua falta de esperança numa oportunidade para voltar a competir.
"Francamente, esta pode não ser a resposta mais popular, mas acho que mereço isso [poder voltar a competir]", disse, referindo que os seus antigos colegas de equipa que se implicaram no caso de doping ao testemunharem contra si receberam punições mais leves.
O ex-ciclista admitiu na primeira parte da entrevista ter-se dopado e agora afirmou ter vergonha dessa situação.
"Tenho vergonha do que fiz, trata-se de uma coisa feia", reconheceu Armstrong, salientando que um dos "momentos mais humilhantes" que viveu foi quando se viu obrigado a deixar a posição de presidente da sua fundação Livestrong contra o cancro, em novembro de 2012.
As autoridades anti-doping dos Estados Unidos retiraram a Armstrong, no final de 2012, os sete títulos alcançados na Volta a França e a medalha de bronze que tinha vencido nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, tendo banido o norte-americano de participar em competições de ciclismo, triatlo e corridas, os seus desportos de eleição, depois de uma investigação que concluiu que tinha montado o "programa de doping mais sofisticado da história do desporto".
A perda desses sete títulos custou ao ex-ciclista 75 milhões de dólares (56 milhões de euros) em patrocínios que foram cancelados em menos de dois dias, como é o caso da Nike, reconheceu ao salientar que o pior é a possibilidade de nunca mais os conseguir recuperar.
Armstrong afirmou, em entrevista a Oprah, que está "profundamente arrependido", mas negou ter tentado subornar a Agência Anti-doping norte-americana quando a apresentadora de televisão referiu as declarações do patrão do organismo, Travis Tygart, sobre um donativo de dezenas de milhares de dólares que o ciclista terá proposto.
O ex-ciclista emocionou-se e teve de conter as lágrimas quando Winfrey lhe perguntou como contou a verdade aos filhos.
Armstrong disse que viu o filho "dizer aos amigos que o que diziam sobre o seu pai não era verdade", sem nunca ter duvidado de si, e que foi então que decidiu dizer-lhe a verdade.
"Ao meu filho Luke [de 13 anos, o mais velho dos cinco filhos] disse para não me defender mais junto das outras crianças, que simplesmente lhes dissesse que lamentava o que o pai tinha feito", respondeu.
O ex-ciclista constatou que o filho reagiu de forma muito madura e compreensiva, tendo-lhe dito que entendia e que nada iria alterar a sua relação.