Em caso de lesão grave, o seguro é escasso. Atleta de triplo salto com rotura num joelho espera há um mês por cirurgia.
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Um mal nunca vem só. Se um atleta tiver o azar de contrair uma lesão grave, além de ter de enfrentar um longo período de inatividade, é forçado a tentar minimizar os custos da recuperação, que tem compensações que, muitas vezes, as apólices de seguro não cobrem totalmente.
Para os atletas inscritos na Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), a cobertura de despesas de tratamento têm um capital máximo de cinco mil euros, valor que está dentro da lei, mas pode ser insuficiente, em casos de maior gravidade. Há atletas de várias modalidades que preferem fazer seguros próprios além dos que são obrigatórios a nível federativo para se precaverem. Ou então, no caso dos profissionais de futebol, as sociedades desportivas fazem contratos à parte com coberturas bem mais elevadas.
Diogo Simas, atleta de 19 anos do Clube Pedro Pessoa (Almada), sofreu uma lesão grave, a 16 de maio, na Taça de Saltos de Setúbal, que decorreu na Pista de Atletismo da Sobreda. "Todos os presentes testemunharam a violência do impacto e a gravidade do estado do atleta que, após cair na caixa de saltos, ali permaneceu, imóvel", conta, ao JN, João Simas, pai do atleta.
Seguiu-se o transporte para o hospital mais próximo e uma série de peripécias até à definição da dimensão do problema, que obriga a cirurgia, devido à rotura de ligamentos no joelho esquerdo.
Mais de um mês depois, a cirurgia ainda não se realizou, dado que o seguro só cobre até 5000 euros (valor estipulado na apólice, comum a todos os atletas da modalidade) e a operação custa o dobro, sendo que terá de realizar-se numa clínica indicada pela seguradora. Acresce que a família já gastou 1000 euros em outras despesas, pelo que precisa de seis mil euros para a intervenção cirúrgica. "Não temos esse dinheiro. Os seguros são bons para uma entorse ou uma lesão ligeira, para casos mais graves somos levados ao engano", constata o pai de Diogo Simas, jovem que, desde o sucedido, vive o dia a dia "com evidentes limitações".
A Federação Portuguesa de Atletismo está "muito preocupada" com o caso, frisa, ao JN, fonte oficial federativa. Apesar de estar ciente do cumprimento da legislação, a FPA tem tido contactos com o mediador, à procura de soluções. Em aberto está a hipótese de reduzir custos para viabilizar a cirurgia. Enquanto tal não acontece, o atleta mantém-se à espera...
Montantes na lei
Morte
Em caso de falecimento, o contrato garante o valor mínimo de 28 141 euros.
Despesas de funeral
Aos custos associados às cerimónias fúnebres tem de ser atribuído, pelo menos, o valor de 2 252 euros.
Invalidez absoluta
No que se refere a casos de invalidez permanente absoluta, o montante mínimo a atribuir pelo seguro é de 28 141 euros.
Invalidez parcial
Se se tratar de invalidez permanente parcial dá, pelo menos, 28 141 euros, ponderado pelo grau de incapacidade fixado.
Tratamento
O valor mínimo para despesas de tratamento e repatriamento é 4502 euros.
Por dentro
Valores no futebol são superiores
Ao nível federativo, a Federação Portuguesa de Futebol tem o montante mais alto de comparticipação, em casos de despesas de tratamento, atribuindo 7500 euros, quer se trate de futebol, futsal ou futebol de praia. Na maioria das federações os valores vão dos 4502 aos 5000 euros.
Prémios distintos de 2,5 a 18 euros
Os prémios anuais dos praticantes federados de atletismo variam entre os 2,5 euros, no caso dos benjamins, até os 18 euros (seniores e veteranos). No caso do jovem sinistrado (sub-20), o valor é de 12,5 euros. Por sinistro, a franquia é de 75 euros.