Será o Braga capaz de surpreender o Arsenal, hoje, quarta-feira, como já surpreendeu o Celtic e o Sevilha? A estreia no patamar máximo do futebol europeu não podia ser mais difícil, mas a equipa de Domingos Paciência parece preparada para o grande desafio da Liga dos Campeões.
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Os equipamentos são iguais e os do Braga foram mesmo inspirados nos do Arsenal, mas até há poucas semanas parecia impossível que as duas equipas se encontrassem no mesmo relvado. Acontecerá hoje no Emirates, um estádio maldito para as cores portuguesas, mais concretamente as do F. C. Porto, o único clube luso que até agora lá jogou, com números passíveis de fazer os dragões corar de vergonha (três jogos, três derrotas, onze golos sofridos e nenhum marcado)... A estreia minhota na fase de grupos da Champions é um sonho transformado em realidade, ainda que entre o Arsenal londrino e o bracarense exista um mundo interminável de diferenças.
Um olhar pelo relatório e contas dos “gunners” da época passada permite concluir que o clube conseguiu lucros de 380 milhões de euros, sem contar com transferências de jogadores, capaz de suportar um orçamento que ronda os 280 milhões para a presente temporada. Mais ricos, no Mundo inteiro, só o Manchester United e o Real Madrid... Em Braga, não há ainda números oficiais para 2009/10, mas estima-se que sejam gastos cerca de 12 milhões com a equipa de futebol. Números redondos, seriam necessárias 23 épocas para que o clube minhoto gastasse o mesmo que os ingleses investem num ano...
Domingos Paciência conhece as diferenças, mas também se lembra que o Sevilha era um monstro antes de defrontar o Braga no play-off de acesso a esta Liga dos Campeões. Por isso, e porque o futebol ainda é um jogo, o treinador da equipa bracarense disse ontem que a ideia é continuar a fazer história, tendo retirado a pressão aos seus jogadores, aconselhando-os a aproveitar uma oportunidade que pode ser única, com a consciência de que o clube minhoto nunca ganhou em Inglaterra e de que o Arsenal só perdeu uma vez no Emirates Stadium, em partidas da Liga milionária, desde que lá passou a jogar, em 2006.
Sem os castigados Elderson e Salino, o técnico será obrigado a mexer na defesa (Miguel Garcia e Sílvio jogarão nas laterais) e no meio-campo (Hugo Viana é o mais sério candidato à titularidade), podendo também fazê-lo no ataque, já que Matheus tem feito miséria na Europa e é uma óptima alternativa a Lima. No Arsenal, Arsène Wenger não pode contar com três armas de ataque (Walcott, Van Persie e Bendtner), mas tem um plantel capaz de responder a muitas baixas. Isso tem sido notório no campeonato inglês, no qual os “gunners” ganharam os últimos três jogos, depois de um empate com o Liverpool, com um impressionante registo de 12 golos marcados e apenas dois sofridos.