Campeonato vai encurtar, no final da época, para dez clubes. Jogos serão todos disputados em relva natural e o investimento para duas épocas será de 7,8 M€.
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Mais do que o início do fim de uma era no futebol jogado por mulheres em Portugal, a atual temporada marca o pontapé de saída para uma fase que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) antevê de consolidação, em que a massificação de praticantes e o aumento do nível qualitativo das competições possam andar de mãos dadas.
A reestruturação dos quadros competitivos leva a que esta seja a última época em que a Liga principal se disputa com 12 clubes. Em 2025/2026, ela vai encurtar para apenas dez participantes, o que vai motivar a despromoção dos três últimos classificados (na anterior apenas desceu o último de forma direta), sendo que a equipa que terminar no nono lugar vai jogar um play-off de acesso com o segundo classificado da 2.ª Divisão Nacional, da qual apenas o campeão será promovido de forma direta.
O objetivo é aumentar a competitividade do campeonato, para além de se libertarem datas para os cada vez mais exigentes compromissos internacionais, seja de seleções ou de clubes. Por exemplo, Portugal poderá ter, esta época e pela primeira vez, dois representantes na fase de grupos da Liga dos Campeões, caso Benfica e Sporting superem a fase de qualificação.
Outra das principais novidades para esta temporada prende-se com a obrigatoriedade de todos os jogos da Liga se disputarem em relva natural, uma medida que vai levar alguns clubes a realizarem as partidas na condição de visitado longe de casa.
O caso do Clube de Albergaria é paradigmático, uma vez que terá como "casa" o Estádio do Mergulhão, localizado em Cesar, no concelho de Oliveira de Azeméis, a mais de 30 quilómetros de Albergaria-a-Velha. Valadares (Estádio Jorge Sampaio, a 15 quilómetros de distância) e Damaiense (Campo Engenheiro Carlos Salema, a 13 quilómetros da Damaia) são as restantes equipas que vão andar com a "casa às costas" ao longo da temporada.
Ainda assim, nem tudo são "espinhos" para os clubes que disputam a Liga feminina de futebol, esta temporada. A FPF aumentou os fundos de apoio - 7,8 milhões para as épocas de 2024/25 e 2025/26 -, uma subida exponencial tendo em conta que na temporada passada os apoios resumiram-se a dois milhões. Será preciso, mesmo assim, cumprir determinados requisitos, por exemplo, a nível de infraestruturas e entre outros parâmetros.
O prémio total de participação da Liga, atribuído consoante a classificação de cada equipa na prova, será de 1,6 milhões de euros, mas depende que os clubes tenham de ter, pelo menos, 16 contratos registados de jogadoras que integrem o plantel principal.
Mónica Jorge: "Uma Liga mais competitiva e coesa"
O que muda, esta temporada, na Liga?
Será decisiva para uma nova estrutura da Liga, que passará a dez equipas (em 2025/2026). Depois, a possibilidade de termos três representantes na Liga dos Campeões (em 2025/2026) também será muito interessante.
O que esteve na base para a redução de clubes na Liga, em 2025/26?
Há a necessidade de termos uma Liga mais competitiva e coesa, tornando-a na elite do futebol feminino em Portugal. Em vários países, também está a acontecer esta redução (do número de equipas), porque vivemos um panorama internacional muito forte. Isso acaba por ser demasiado para as atletas, que têm tido muitas lesões pelo crescimento enorme de jogos.
Os jogos serão disputados em relvados naturais. Foi fácil aos clubes adaptarem-se?
Fácil nunca é, pelas questões económicas e por falta de espaços disponíveis, mas era uma mudança necessária para a evolução da Liga.
Qual o impacto da chegada de um clube como o F. C. Porto, que vai competir na 3.ª Divisão, para o crescimento do feminino em Portugal?
Há sempre impacto quando um clube mediático, com uma grande dimensão e paixão pelo futebol, adere ao feminino. Faltava juntar-se o F. C. Porto. Era um objetivo da Federação e, felizmente, aconteceu. Agora, é deixar que o clube crie uma base sustentável para poder chegar, brevemente, à Liga e criar outras expectativas a nível internacional, como acontece na vertente masculina.
Este verão, alguns clubes reforçaram-se na Liga por valores avultados...
A Federação sabia que, tendo um campeonato forte, com clubes bem estruturados, isso iria permitir a máxima valorização da jogadora portuguesa e do futebol jogado pelas mulheres. Acredito que, brevemente, entre as dez melhores jogadoras estará uma portuguesa.