"Meu Deus, onde viemos parar?". No horizonte, "uma paisagem amarela" e abafada por um calor digno de um deserto. "Verde, nem vê-lo". Foi assim que Chipre se apresentou a Margaça, mas a realidade revelou-se bem mais airosa.
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E nove anos passaram... "Não pensava ficar tanto tempo, mas, à medida que as coisas foram evoluindo, fui-me mentalizando que isso podia acontecer", revela o médio português ao JN.
Uma carreira, claro, mas não só. "O Chipre também já me deu uma família - sou casado com uma cipriota -, amigos novos... É uma segunda casa e pondero continuar aqui depois de terminar a carreira", confidencia Margaça, já fluente em grego e adaptado às particularidades rodoviárias: "Aqui, o volante é no lado direito. Nos primeiros tempos, andei algumas vezes em sentido contrário, mas agora já é mais difícil quando vou a Portugal", salienta, entre risos.
Menos trabalhosa foi a integração civil. Afinal, onde a crise "não tira a alegria às pessoas", existem razões de sobra que ajudam a cimentar uma relação duradoura. "A qualidade de vida é muito boa, o país é seguríssimo e o tempo é fenomenal", resume Margaça. No inverno também? "Só dura dois ou três meses, mas nunca faz muito frio nem chove muito.
Até pedimos chuva de vez em quando", conta o futebolista português, que, tanto tempo depois, já sabe o que não pode faltar na mala quando regressa à pátria: "O "halloumi". É um queijo extraordinário que só existe em Chipre e toda a gente adora".
Sem portagens até à capital
Treina e joga em Nicósia, mas vive em Larnaka. É que a vida na capital "é muito caótica". "Preferi ficar mais perto da praia e numa zona bem mais tranquila, até porque a confusão não é para mim. É meia hora de viagem só e,ainda por cima, aqui não se paga para andar na auto-estrada", refere Margaça.
Sonho da seleção em... Chipre
"Gratidão" foi o que levou a Margaça tornar-se cipriota. Depois, aconteceu a primeira convocatória e aquele jogo com o Cazaquistão. "Foi uma sensação única. O treinador que me trouxe era o selecionador e tirei o passaporte para ajudá-lo e retribuir o que me deram. Todo este progresso é um orgulho", resume o médio.
Passe Curto
Nome Renato João Inácio Margaça
Clube Omonia Nicósia
Idade 31 anos (17/07/1985)
Posição Médio