Negócio tem melhorado nos últimos anos. Anadia, que neste fim de semana recebe craques, domina produção.
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A fuga aos jogos virtuais está a ajudar à retoma do negócio dos matraquilhos. Em Anadia, concelho que "concentra 70% a 80% da produção nacional de bilhar e matraquilhos" e que este fim de semana recebe o Campeonato Nacional, é sinal de esperança.
O retrato do setor é feito por Diogo Castro, dos Bilhares Castros, em Anadia. Segundo conta, depois de um período áureo nos anos de 1990, altura em que este jogo figurava nos cafés e salões de jogos por todo o país, as vendas caíram drasticamente por culpa dos jogos virtuais.
Há alguns anos, porém, "retomaram", ainda que não com o mesmo fulgor, porque há pais que tentam precisamente "tirar os filhos das PlayStation, Xbox ou telemóvel". A estes somam-se novos tipos de clientes: "Empresas que estão a criar salas de convívio para colaboradores, hotéis e escolas que estão a apostar neste tipo de divertimento".
São um sinal importante para a empresa familiar, que produz anualmente "entre 700 e 1 000 mesas de matraquilhos". O material segue para todo o país e também para o estrangeiro, nomeadamente Estados Unidos, Senegal e Europa. Os preços começam nos 460 euros e sobem depois, conforme os pedidos de customização do cliente.
Ali é tudo feito de forma artesanal. Recebem a madeira em bruto e cortam-na, procedendo também à pintura manual dos bonecos. "Tem muitos pormenores. É preciso gosto e tempo", diz o funcionário António Brandão.
Esta é outra das dificuldades com que a empresa, que tem sete funcionários e subcontrata vários serviços, se depara: a falta de mão de obra. Faltam "carpinteiros, marceneiros, envernizadores, lacadores e polidores", importantes para se fazer um produto artesanal. A Bilhares Castros não deixa de responder às encomendas, mas nem sempre consegue a celeridade desejada.
Para cá e para lá fora
Em Braga, os Bilhares Europa revelam que "a procura tem aumentado nos últimos seis ou sete anos", em boa parte por causa de "particulares" que querem alternativas para "os videojogos". Por vezes, até há "dificuldade em dar saída às encomendas", refere o gerente Norberto Silva.
Em média, acrescenta o responsável, produzem "300 a 400 mesas por ano". O consumo é 90% nacional, mas enviam também material para outros países da Europa e América do Norte.
Os Bilhares Prestige, em Freamunde, adiantaram ao JN que "continua a haver procura" e o negócio "mantém-se".
António Carrinho, diretor comercial dos Bilhares Carrinho, em Anadia, explica que a "venda de mesas de matrecos tem sido irregular, aumentando em anos de grandes competições mundiais/europeias relacionadas com o futebol".
Há "cerca de 15 anos, as vendas anuais rondaram as duas mil unidades, e estes últimos anos, o número ronda as 500 unidades", detalha.
Nesta empresa, que emprega 50 trabalhadores, os matrecos representam cerca de 20% do volume de faturação, sendo o restante valor para os bilhares e outros produtos.
Produto à medida
Muitas empresas permitem que os compradores escolham o tipo de madeira, assim como as equipas ou seleções em jogo. Há pedidos com cores de empresas, animais, super-heróis e até figuras públicas.
Chegar às escolas
A Federação de Matraquilhos está a entregar mesas a escolas, numa tentativa de cativar os jovens. Também aguarda que a modalidade seja reconhecida oficialmente como desporto em Portugal.