Três colaboradores próximos do ciclista Lance Armstrong, da equipa US Postal, o médico Luís Garcia del Moral, o consultor Michel Ferrari e o treinador "Pepe" Marti, foram irradiados, anunciou a Agência Antidoping dos Estados Unidos.
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"Banir estes indivíduos da vida desportiva é um gesto poderoso, que protege as gerações atuais e futuras de atletas da sua influência e preserva a integridade das competições", observou o presidente da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), Travis Tyagart, que invocou a existência de um "complô de dopagem sofisticado e de grande envergadura".
O médico espanhol Del Moral, que esteve ao serviço da US Postal desde 1999 até 2003, o consultor da equipa e treinador de Lance Armstrong, o italiano Michel Ferrari, e o treinador da equipa "Pepe" Marti foram irradiados, "por infrações cometidas no quadro de um sistema de dopagem organizado a nível da equipa".
Segundo a USADA, as infrações cometidas abrangem a posse, tráfico e distribuição dos seguintes produtos e materiais: EPO, transfusões sanguíneas, testosterona, hormonas de crescimento e esteróides. São ainda acusados de auxiliarem, encorajarem e dissimularem infrações de doping cometidas por outros.
Segundo provas recolhidas, Del Moral ajudou os corredores a fazer transfusões sanguíneas a fim de aumentar a sua capacidade de resistência. Os ciclistas deslocavam-se à sua clínica, em Valência (Espanha), para tirar sangue.
Del Moral ministrava-lhes também injeções de solução salina, a fim a manipular os valores do sangue e iludir os controlos anti-doping, além de fornecer aos ciclistas EPO, testosterona, corticosteróides, hormonas de crescimento e outras substâncias dopantes e assegurar o fornecimento das substâncias nos locais onde os atletas estavam a treinar ou a competir.
Quanto a Michel Ferrari, que já tinha sido condenado em 2004 em Itália a um ano de prisão por fraude desportiva e exercício abusivo da profissão de farmacêutico, é acusado de aconselhar inúmeros corredores, sendo a sua especialidade a EPO. Acresce, ainda, que desenvolveu uma mistura de azeite e testosterona que os corredores tomavam oralmente, e que lhes permitia uma recuperação mais rápida ao esforço e ao desgaste físico.
Estes três indivíduos estão entre um sexteto, do qual faz também parte Lance Armstrong, contra quem a USADA abriu um processo de acusação de uso de substâncias dopantes, acusando o corredor norte-americano, sete vezes vencedor do Tour, de ter impulsionado a quase totalidade da sua carreira à custa do doping.
O médico Pedro Celaya, atual responsável clínico da equipa RadioSchack, e o diretor desportivo Johan Bruyneel, também da mesma equipa, são os outros acusados.
Já Armstrong, que sempre negou ter-se dopado, decidiu apresentar queixa contra a USADA, alegando estar a ser vítima de uma vingança pessoal do presidente daquele organismo.