Moura já defrontou o F. C. Porto campeão europeu na Taça de Portugal, agora luta contra as dificuldades da interioridade.
Corpo do artigo
Decorridos 35 anos, as gentes da "Cidade Salúquia" não esquecem o dia 27 de novembro de 1987, quando o Moura Atlético Clube (MAC) recebeu no velhinho Estádio Maria Vitória o F. C. Porto, em jogo da Taça de Portugal. Uma bancada metálica, acoplada à principal, foi insuficiente para tão grande moldura humana e houve gente nos telhados e árvores circundantes do estádio.
Os campeões europeus de Viena, liderados por Tomislav Ivic, venceram por 2-0, com o primeiro golo apontado por Juary, o segundo por Raudnei. Nesse ano, chegou ao Moura, que estava na 3.ª Divisão Nacional, o brasileiro Toninho Metralha, que se sagrara campeão nacional pelos dragões em 1978/79.
Para os mourenses, a agremiação é conhecida como Atlético ou MAC e Francisco Cravo, presidente da Assembleia-Geral desde 1987, recorda que foi uma década brilhante da vida do clube. "A nossa formação estava no auge e tínhamos excelentes jogadores", lembra aquele que também foi jogador do emblema mourense durante 11 temporadas.
Fundado em 17 de janeiro de 1942, o MAC é um dos clubes mais representativos do distrito de Beja, tendo já alcançado em dez ocasiões o título distrital e já disputou por diversas vezes as provas nacionais. Em junho de 2000 foi inaugurado o novo Estádio Municipal, construído pela Autarquia, "o principal parceiro estratégico do MAC", que viria a passar para a posse do clube. Seis anos depois, foi encerrado em definitivo o velhinho Maria Vitória.
"A formação foi sempre o baluarte do clube e em 2002 os mais de 200 jovens jogadores receberam a visita do presidente da República, Jorge Sampaio. Miguel Garcia [que jogou no Sporting] foi uma das pérolas formadas no Moura", lembra Francisco Cravo.
Na atualidade o Atlético vive uma das fases mais difíceis da sua existência, com uma forte crise diretiva e com dificuldades na captação de jovens. "Aos 18 anos deixam a cidade e vão estudar para os grandes centros urbanos e o clube tem que contratar fora da região", sustenta Francisco Cravo.
Apesar das dificuldades, que levam o MAC a ter uma comissão de gestão, na "cidade rainha do azeite" e da famosa Água Castello, os mourenses acreditam num futuro risonho para o Atlético que se encontra no quarto lugar da 1.ª Divisão da A. F. Beja.