Treinador Manuel Ramos mudou-se para Omã há cerca de cinco anos e encontrou um mundo de diferenças.
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Manuel Ramos apenas fez uma exigência quando disse sim ao apelo de Omã. Só que, cinco anos passados, essa viagem de regresso à pátria continua na gaveta. "Não sabia para onde vinha, mas já estou perfeitamente integrado. O país dá o suficiente para se viver bem: boa casa, alimentação saudável e é extremamente seguro", adianta o treinador português ao JN.
Suspenso entre a Arábia Saudita, o Iémen, os Emirados Árabes Unidos e um horizonte "amarelo-acastanhado", por culpa de uma imensidão de areia, já se vê que Omã respira ao sabor de particularidades "sensíveis". "Não podemos passar à frente deles quando estão a rezar, nem olhar diretamente uma mulher ou entrar num elevador em que uma mulher vá sozinha", destaca, acrescentando também o facto de "toda a gente comer com as mãos e da mesma travessa".
Mas onde "tudo o que vai do umbigo ao joelho é sagrado", não foram só os desencontros religiosos a exigir adaptação. "As pessoas são afáveis, mas também muito preguiçosas. Os atrasos nos serviços são comuns e é normal pararem na rua em frente aos supermercados e buzinarem para alguém lhes trazer as compras ao carro", relata Manuel Ramos, entre risos.
Este périplo lusitano em Omã, que já passou por três cidades, contempla ainda descobertas gastronómicas. "Aprendi a gostar de alguns vegetais, passei a comer carne de camelo e apaixonei-me pelo hamour, um peixe que não há em Portugal". A tal viagem de regresso, essa, não tem data marcada.
Passe Curto
Nome Manuel José Alves Ramos
Clube Dhofar Club
Idade 35 anos (10/02/1982)
Função Treinador
Livros repletos de Vasco da Gama
Há cerca de 500 anos que Omã está umbilicalmente atado a Portugal. E a ligação perdura pelos manuais escolares. "Fomos os primeiros ocidentais a cá chegar, fazemos parte da história deles. Ainda existem fortes do tempo dos Descobrimentos e Vasco da Gama está em todos os livros de história", conta.
Tudo à espera do homem da Luz
Qual é o cúmulo da desorganização? Talvez a respostas esteja em Omã. "Já aconteceu o homem da iluminação aparecer tarde a um jogo e não haver outro plano para resolver o problema porque só havia uma chave e estava com ele. Ou seja, atrasou tudo, até a transmissão televisiva", recorda Manuel.