Há 36 anos, a 27 de maio de 1987, o F. C. Porto sagrava-se pela primeira vez campeão europeu de clubes. Foi em Viena (Áustria), numa "valsa a... dois tentos", que o "Porto rei da Europa", como titulou o Jornal de Notícias na primeira página, surpreendeu o superfavorito Bayern Munique, de Matthaeus, Rummenigge, Pfaff, Brehme, Hoeness e companhia.
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Esta final com direito a reviravolta no marcador em dois minutos frenéticos (77 a 79), que eternizou o célebre golo de calcanhar de Madjer - o mago argelino voltou a brilhar com a assistência para o tento da vitória, apontado por Juary -, acabou num antecipado "São João louco nas ruas do Porto". De uma cidade fantasma ao longo do jogo no Estádio do Prater, após o apito final a Invicta explodiu de alegria, a qual se prolongou pela madrugada, com milhares de adeptos a saudarem os novos campeões da Europa, desde o aeroporto de Pedras Rubras até à volta de honra no antigo Estádio das Antas, já com o dia a raiar.
Sob a batuta do treinador Artur Jorge, Mlynarczyk, João Pinto, Celso, Eduardo Luís, Inácio (Frasco, 65), Jaime Magalhães, André, Sousa, Quim (Juary, 46), Madjer e Futre - não saíram do banco Zé Beto, Festas e Casagrande, e os já desaparecidos Fernando Gomes e Lima Pereira, por lesão, estavam indisponíveis - foram os jogadores que escreveram a primeira página de ouro da história europeia do F. C. Porto, cumprindo um dos sonhos do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Um novo capítulo desta glória seria acrescentado volvidos 17 anos, no novo milénio, a 26 de maio de 2004, já a Taça dos Campeões Europeus se chamava Liga dos Campeões. No banco, outro icónico treinador português, de seu nome José Mourinho, o qual juntaria o troféu das "duas orelhas" ao da Taça UEFA, conquistado na época anterior, com um triunfo claro (3-0) sobre o Mónaco. Na Arena do Schalke, em Gelsenkirchen (Alemanha), estiveram muitos dos herdeiros da mística do dragão, que se tornaram figuras incontornáveis de uma das eras mais bem sucedidas da história do F. C. Porto. De Vítor Baía a Deco, de Paulo Ferreira a Carlos Alberto, de Jorge Costa a Derlei, de Ricardo Carvalho a Alenitchev, de Nuno Valente a Maniche, de Costinha a Pedro Mendes, de Pedro Emanuel a McCarthy. Os golos de Carlos Alberto (39 m), Deco (71) e Alenitchev (75) garantiram o "bis" dos dragões na maior prova de clubes do Mundo e um "Amar Azul", como titulou o JN na capa de uma edição em que dedicou 13 páginas do Caderno do Desporto ao feito do F. C. Porto.
"Glória, honra, futebol, arte e golos do arco da velha fizeram afinal deste F. C. Porto campeão da Europa de clubes", escreveu o JN, que elogia "orquestra com onze solistas".