Portugal representado por três estreantes na competição, que arranca na sexta-feira, dia 4 de fevereiro, na capital da China.
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Costuma dizer-se que depressa e bem, há pouco quem, mas José Cabeça é, definitivamente, a exceção à regra. O alentejano, de 25 anos, aprendeu a esquiar em apenas dois anos e já vai representar Portugal numa grande competição. Mas já lá vamos. Antes, o contexto.
Os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, arrancam na sexta-feira e as cores nacionais vão ser representadas por três atletas: José Cabeça, em esqui de fundo, Vanina Guerillot e Ricardo Brancal, em esqui alpino. Se os dois últimos já têm uma vasta experiência na modalidade, José Cabeça acaba por surpreender.
O atleta nasceu no Alentejo, zona sem grandes condições para praticar esqui, mas tal não o impediu de tentar. José, que também é triatleta, decidiu experimentar esqui de fundo após ver uma prova dos Jogos Olímpicos de 2018 na televisão. "Desde os seis anos que sonho ir aos Jogos. Quando vi a prova, pensei que seria possível tentar, já que é uma modalidade que corresponde às minhas características. Fui pesquisar sobre a modalidade e, em 2020, comecei a treinar na neve, em França", conta ao JN. O início, esse, não foi fácil. José, que também praticou karaté, via vídeos e treinava sozinho. "Mas sou persistente", conta, bem-disposto. E valeu bem a pena. O triatlo acabou por garantir boas bases, principalmente no que diz respeito à preparação física, e, hoje já treina na Noruega, com o treinador: "A evolução tem sido muita".
Quanto à rotina, o alentejano dedica entre duas a quatro horas por dia ao esqui. No triatlo, chegam a ser seis. E agora, que está prestes a realizar o sonho de ir aos Jogos Olímpicos, não esconde o nervosismo: "A preparação tem corrido bem e não podia estar mais orgulhoso. Se conseguir alcançar o meio da tabela, será incrível. Estou nervoso, até mais pelas restrições relativamente à covid, mas quero honrar o país".
Ao contrário de José, Ricardo Brancal começou a praticar esqui com três anos. "Foi com os meus pais, numa semana de férias. Depois, todos os anos, fazíamos uma semana de férias na neve e fui praticando", conta, ao JN. Ricardo, natural da Covilhã, também praticou ténis e karaté mas o esqui acabou por se tornar um caso sério em outubro de 2020, quando se mudou para Itália para treinar e conseguir garantir a qualificação para os Jogos. E o dia começa cedo: "Se o treino for de manhã, começa às seis da manhã. Treinamos entre quatro ou cinco horas em pista e depois temos a preparação física. A adrenalina e o vento a bater na cara... são as coisas que mais gosto". Nos tempos livres, além de passear e ver séries, o atleta ainda conseguiu investir na educação. "Passei sete anos na universidade. Tirei uma licenciatura em ciências biomédicas, na Universidade da Beira Interior, fui para Lisboa fazer o mestrado em Engenharia Biológica no Técnico e acabei recentemente uma pós graduação em Business Management, no ISEG".
Por último, Vanina Guerillot Oliveira tem apenas 19 anos mas já é considerada uma promessa. Filha de mãe portuguesa e um treinador de esqui francês - daí ter começado cedo na modalidade -, foi o amor às origens que a fez contactar Federação de Desportos de Inverno de Portugal. Treina quatro horas por dia e já conseguiu um segundo lugar na disciplina de slalom gigante, no Troféu Topolino, em 2016.
Agora, que comece o sonho. Portugal agradece.
José Cabeça, 25 anos, esqui de fundo
Vanina Guerillot, 19 anos, esqui alpino
Ricardo Brancal, 25 anos, esqui alpino