Os Jogos Olímpicos estão a gerar uma onda de comentários e discussão em torno da sua realização. Os casos de covid-19 dentro da aldeia olímpica ou ligados aos jogos estão a aumentar e são cada vez mais os protestos e pedidos de cancelamento desta edição. No entanto, uma decisão dessas teria um enorme impacto financeiro e desportivo.
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Os Jogos Olímpicos começam esta sexta-feira, dia 23, mas há em torno da competição um clima de instabilidade e receio que poderá influenciar o decorrer da prova. Os casos de covid-19 ligados aos Olímpicos estão a subir diariamente e, até ao momento, 71 pessoas testaram positivo, sendo que pelo menos quatro destas residiam na aldeia olímpica.
O maior receio dos participantes e organizadores é que exista um surto do vírus dentro da aldeia, impedindo dezenas de atletas de competir, até porque mesmo que existam poucos casos positivos, o contacto que os desportistas têm entre si pode aumentar o número de isolamentos, que resulta na mesma impossibilidade de competir.
Por este receio de aumento de casos dentro da organização, há vários desportistas a recusar participar. A modalidade mais afetada é o ténis, onde do top-50, desistiram 23 do masculino e 15 do feminino.
Uma parte da população japonesa está contra o início do torneio, tendo em conta a nova vaga de casos de covid-19 no país, que motivou o quarto estado de emergência. Na última sexta-feira, dezenas de pessoas foram para as ruas de Tóquio protestar contra a competição, inclusive segurando cartazes com a mensagem "cancelem os olímpicos de Tóquio".
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Foi também aberta uma petição, que já conta com milhares de assinaturas, para cancelar a competição. A oposição dos cidadãos aos Jogos é forte, e em maio cerca de 80% apoiava o adiamento ou o cancelamento desta edição, segundo informa o jornal espanhol "El País".
Nesse mês a associação de médicos de Tóquio, que representa cerca de 6 mil profissionais de saúde, pediu o cancelamento do torneio, tendo em conta o aumento de casos e pressão sobre os hospitais que a covid-19 está a implicar no país.
Após todo este ambiente de receio e incerteza, a chefe do comité organizacional dos Jogos Olímpicos, Toshiro Muto, não descartou a possibilidade de cancelar a competição. "Vamos continuar as conversações caso haja um aumento exponencial nos casos. Neste momento os casos podem aumentar ou diminuir, por isso vamos ponderar o que fazer quando uma dessas situações chegar", referiu em conferência de imprensa.
Mas cancelar os Jogos Olímpicos iria ter, para além do desportivo, um impacto financeiro enorme. Só em receitas de marketing, a edição de 2016 acumulou mais de 5 mil milhões de euros e a de 2012 mais de 6 mil milhões, segundo o site estatístico "Statista".
As receitas de bilheteira não vão existir este ano, isto porque não há a permissão de presença de público nas arenas. Ou seja, com base na observação de Liam Fox, analista financeiro na GlobalData, os Olímpicos de 2020 vão perder cerca de 670 milhões de euros só neste campo.
Por outro lado, caso o torneio siga em frente, as empresas televisivas deverão manter o interesse em adquirir os direitos televisivos, isto porque se não há a possibilidade de haver fãs nas arenas, o número de interessados em seguir a competição pela televisão deverá aumentar. Em 2016 estas empresas pagaram cerca de 3 mil milhões de euros para transmitirem os eventos.
A Toyota é um dos maiores patrocinadores da competição. No entanto, anunciou na segunda-feira que não vai emitir anúncios durante os Jogos, isto porque o evento se tornou em algo "que não conta com a aprovação do público". A empresa acrescentou que o diretor executivo Akio Toyoda não vai marcar presença na cerimónia de abertura, assim como outro qualquer dirigente da Toyota.
Os Jogos Olímpicos começam a 23 de julho e terminam a 8 de agosto, realizando-se em Tóquio, no Japão.