Carlos Azevedo chegou a Londres numa terça-feira e uma semana depois já tinha trabalho. Nada mau para quem rumou a Inglaterra "completamente às cegas". Mas, dois anos e meio depois, a experiência não tem sido o mar de rosas que aqueles primeiros dias prometiam. "Ao contrário do que esperava, encontrei uma mentalidade muito fechada. Não foi muito fácil adaptar-me", conta o treinador, natural da Maia, ao JN.
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Ser mal entendido porque o nível de inglês "era muito fraco" fustigou-o no início, ainda que seja "normal ver muçulmanos, indianos, gente de raça negra, e todos a falar em idiomas diferente", mas é com a imparável azáfama da metrópole londrina que Carlos Azevedo mais se atrapalha. "Estamos sempre rodeados de gente, no metro parecemos sardinhas enlatadas... Mesmo que não queiras, és obrigado a andar a correr porque anda toda a gente com pressa. Até lhe chamo o passo londrino", refere, entre risos. Pegar no carro para fugir à confusão podia ser uma alternativa, mas está, definitivamente, posta de lado. "Nunca vou conduzir aqui. Faz-me uma confusão desgraçada conduzir pela direita. No início, até nos autocarros evitava ir nos lugares da frente porque tinha sempre a sensação que ia bater", explica-se Carlos Azevedo.
Mas Londres também é a capital onde "está sempre alguma coisa a acontecer" e ilumina-se com "um centro mais romântico". Ah, e aquele pequeno-almoço... "Bacon não como, mas fiquei fã dos ovos mexidos", completa.
Profissional... na 5.ª Divisão
Aos clubes ingleses falta muita coisa, mas dinheiro não é uma delas. "Eles nem sabem o que fazer a tantos recursos. A maior diferença em relação a Portugal é que aqui há dinheiro para tudo", desvenda Carlos Azevedo. E não há melhor exemplo do que o dele: até sem ser treinador da equipa principal, consegue ser profissional no Leyton Orient, um clube que compete no quinto escalão do futebol inglês. "Só é pena que vejam o futebol por uma janela", lamenta. Ligado ao treino desde os 16 anos, virou-se para Londres para "viver outra cultura e outro futebol", mas a vontade de expandir horizonte também o leva ao lado de lá do Atlântico: "Três meses por ano vou aos EUA dar formação. E lá sou acarinhado e fazem-nos sentir bem".
Passe Curto
Nome Carlos Agostinho Pereira Azevedo
Clube Leyton Orient
Idade 26 anos (30/08/91)
Posição Treinador e analista