O Parque Nacional da Peneda-Gerês recebe, de 8 a 14 de abril, uma corrida de montanha por etapas que atravessa cinco concelhos com todo um mundo para mostrar.
Corpo do artigo
Dois países, dois parques naturais, parte da reserva natural da Biosfera, cinco concelhos portugueses, um destino. O slogan do Peneda-Gerês Trail Adventure (PGTA) é claro na mensagem. Para lá da corrida, o que importa no evento - o maior em duração no calendário de provas de montanha em Portugal - é a paisagem onde decorre. Porque foi para mostrá-la ao mundo que o ultramaratonista Carlos Sá sonhou um evento que estendeu a sete dias. Para que o Parque Nacional da Peneda-Gerês seja todo visto como deve ser.
Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Terras de Bouro são os anfitriões desta viagem ao paraíso mais bem guardado de Portugal, revelando a perceção da importância do desporto enquanto vetor de turismo na natureza. Arranca a 8 de abril e estende-se para os mais ousados, até ao dia 14. Para os que se estreiam nas corridas por etapas, há ainda a versão de quatro dias, até 11 de abril.
Na manga, o PGTA tem pérolas como a aldeia de Sistelo, um quadro a lembrar os terraços de arrozais asiáticos escondido (e bem) nas dobras dos Arcos de Valdevez. Ou a partida de uma das etapas na Ponte da Misarela que se estica desde tempos medievais sobre o Rio Rabagão, encomendada ao Diabo num cantinho recuado de Montalegre, e do cimo da qual se pede a graça da conceção ou se fazem batizados in ventris. Ou outra, de entre os mistérios do mosteiro afundado nas águas correntes da mágica Pitões das Júnias, ainda Montalegre, lá em cima onde Portugal toca a Galiza. Ou outra, ainda, à sombra da Senhora da Peneda e da Rocha da Meadinha, nas alturas da Gavieira (nos Arcos de novo) de onde soçobra a cascata da Peneda e mais um par de lendas e de crenças.
Promete-se ainda uma chegada em apoteose, final para quem correr quatro dias de prova) entre as ameias e os tantos espigueiros do Lindoso, coroada com, pasme-se, um convívio onde muito poucos entraram na vida: as entranhas da Barragem do Alto Lindoso (Ponte da Barca). E também a passagem pela esmeralda das lagoas de Fafião (Montalegre), as águas milagreiras das Caldas do Gerês (Terras de Bouro), as alturas da Branda da Aveleira (Melgaço), a incomensurável riqueza que é correr numa fotografia virgem.
A mensagem, voltamos a ela, deve ter convencido: a prova maior, sete dias para 115 ou 220 km, esgotou faz tempo. Era estreita nas vagas, porque a paisagem é, como lhe diz o nome, protegida, e encheu num ápice. E com estrangeiros, orgulha-se Carlos Sá. A prova intermédia, quatro dias para 70 ou 125 km, também fechou. Resta a etapa solidária, 25 km por 25 euros para ajudar quem precisa, aberta à participação de quem quiser, sem limites.
"O Trail poderá no futuro ter um papel fundamental na divulgação da região através do turismo ativo", diz-nos o ultramaratonista, que em 2016 conseguiu trazer àquelas mesmas paisagens o Campeonato do Mundo de Trail Running.