O plano dos Estados Unidos para terminar com a guerra em Gaza já foi entregue ao movimento islamita palestiniano Hamas por mediadores do Qatar e do Egito, adiantou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo de negociações.
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O primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe dos serviços de informação egípcios, Hassan Mahmoud Rashad, "acabaram de se reunir com os negociadores do Hamas e apresentaram-lhes o plano", frisou a mesma fonte, que falou sob condição de anonimato.
"Os negociadores do Hamas disseram que o iriam examinar de boa-fé e responder", acrescentou.
O plano de 20 pontos de Trump, hoje apresentado na Casa Branca na presença do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, contempla para o enclave sob invasão israelita um governo de transição palestiniano sem o Hamas, movimento islamita que protagonizou o ataque de outubro de 2023 contra Israel.
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A Autoridade Palestiniana saudou os esforços de Trump para "pôr fim à guerra de Gaza".
"Estamos confiantes de que poderá encontrar um caminho para a paz", destacou o movimento, citado pelo 'media' Gaza Now na rede social Telegram.
Já Mahmoud Mardawi, responsável do movimento islamita Hamas, frisou que o movimento islamita não aceitará "nenhuma proposta que não inclua a autodeterminação do povo palestiniano e o proteja de massacres", segundo a mesma fonte.
A Jihad Islâmica, um movimento armado palestiniano aliado do Hamas, considerou, por sua vez, o plano de Trump para Gaza "uma receita para a agressão" contra os palestinianos.
"O que foi anunciado na conferência de imprensa entre Trump e Netanyahu é um acordo EUA-Israel e representa a posição de todo o establishment israelita. É uma receita para a agressão contínua contra o povo palestiniano", frisou o secretário-geral da Jihad Islâmica na Palestina, Mijahid Ziad Al-Nakhalah, citado Gaza Now.
Muhammad Al Farah, membro do gabinete político do rebeldes Huthis no Iémen, frisou que o "plano de Trump é inexequível e visa envolver o Hamas e responsabilizá-lo".
"O plano de Trump é absorver o descontentamento mundial contra Israel, descarregando a solidariedade global com a Palestina", destacou, citado pelo Gaza Now.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, manifestou hoje apoio ao plano do presidente norte-americano, Donald Trump, para Gaza, mas condicionou-o a mudanças "radicais" na Autoridade Palestiniana (AP).
Se o Hamas não aceitar o plano de Trump, Israel irá "levar a tarefa até ao fim" em Gaza, que invadiu na sequência do ataque do Hamas, com o objetivo de erradicar este movimento desde 2007 no poder no enclave, disse Netanyahu.
"Se o Hamas rejeitar o seu plano, senhor presidente - ou se disser que o aceita, mas fizer tudo o que estiver ao seu alcance para o bloquear - Israel levará por si só a tarefa até ao fim", acrescentou o primeiro-ministro israelita da Casa Branca.
"Isto pode ser feito da maneira fácil ou da maneira difícil, mas será feito", sublinhou.
Trump afirmou esperar que o Hamas aceite o seu plano de paz, e que, caso não o faça, Israel "tem o total apoio" de Washington para tomar medidas para derrotar o Hamas.
Este plano, no qual a Casa Branca garante que "ninguém será forçado a sair de Gaza", foi divulgado pouco antes de uma conferência de imprensa conjunta entre o presidente norte-americano e o primeiro-ministro israelita.
O plano visa pôr termo à guerra em curso na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
O ataque do Hamas causou a morte de mais de 1200 pessoas e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas.
A ofensiva israelita que se seguiu em Gaza provocou mais de 66 mil mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.