Internacional português formaliza acusação de racismo e argentino diz que só lhe chamou "idiota".
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O capitão dos dragões, Pepe, formalizou a queixa, na PSP, pelos alegados insultos racistas de que foi alvo por parte de Colombatto, no F. C. Porto-Famalicão (3-2), da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal. O médio argentino negou, nas redes sociais, ter chamado "mono" (macaco, em castelhano) ao internacional português, transcrevendo o que lhe terá dito em campo - "deste-me uma patada, idiota" - e garantindo que abomina qualquer ato racista. O JN apurou que o árbitro Manuel Mota escreveu no relatório a conversa que teve com o portista, a quem garantiu não ter ouvido "macaco". "Respondi, macaco não chamou, embora tenha ouvido uma palavra que não consegui perceber", detalhou o juiz.
Já Colombatto foi mais extenso na sua versão dos factos: "Um futebolista da equipa rival, que admiro e considero uma referência, acusou-me falsamente de lhe ter chamado "macaco". Quero pensar que foi um erro, que ele não ouviu direito o que eu lhe disse, embora analisando o seu comportamento posterior tenha sérias dúvidas sobre isso. Nunca tive uma atitude ou um comentário racista, nem durante a minha carreira profissional nem em criança. (...) Posso ter mil defeitos, mas ser racista não é um deles e não vou permitir que ninguém manche o meu nome dessa forma. É tão grave cometer um ato racista quanto inventá-lo para prejudicar alguém. Não troco a minha honra por um troféu. Não ao racismo", escreveu Colombatto, no Instagram, garantindo que procurou falar com Pepe, mas que o central recusou qualquer conversa.
Clubes notificados
F. C. Porto e Famalicão já foram notificados sobre o relatório do jogo - com destaque para o caso entre Pepe e Colombatto e a expulsão de Sérgio Conceição - e podem apresentar defesa até segunda-feira, sendo que só a partir do dia seguinte é que o Conselho de Disciplina da FPF anunciará qualquer castigo, no caso do técnico (ver breve), ou abrir um processo disciplinar na situação que envolve os dois futebolistas.
Já a Autoridade de Prevenção e Combate à Violência no Desporto vai esperar por uma decisão do Ministério Público sobre um eventual ilícito contraordenacional.
REGULAMENTO
Castigo vai de dois meses a dois anos
Se forem provados os supostos alegados insultos, o argentino incorre numa suspensão que pode ir de dois meses a dois anos. Segundo o artigo 149.º do Regulamento Disciplinar da FPF, é essa a moldura para o "jogador que ofenda a dignidade de agente desportivo ou espectador em razão da sua ascendência, género ou identidade de género, deficiência, raça, nacionalidade, etnia, língua, território de origem, religião, convicções políticas (...) situação económica, condição social ou orientação sexual".