Pinto da Costa fala do amigo Fernando Madureira e do património que deixou no F. C. Porto
Pinto da Costa comentou, em entrevista à TVI, a polémica Assembleia-Geral do clube, em novembro do ano passado, a relação com Fernando Madureira, antigo líder dos Super Dragões, e a atual situação financeira do clube.
Corpo do artigo
Em entrevista concedida à TVI, Pinto da Costa viu na Assembleia-Geral de novembro do ano passado "o princípio da viragem". "Aquilo foi muito bem preparado. Não é normal numa Assembleia-Geral incitarem, da parte da equipa do André Villas-Boas, a irem e a filmarem tudo. É porque sabem que há tudo para filmar. Três procuradores sócios do F. C. Porto estiveram a controlar a assembleia. Ela acabou às 2 horas da manhã e, no dia seguinte, às 10 horas da manhã, já havia uma queixa de uma procuradora. Houve instrumentalização daquele grupo com a colaboração da justiça", considerou.
Sobre Fernando Madureira, disse não meter as mãos no fogo por ninguém, mas considerou que o antigo líder dos Super Dragões "está preso injustamente". "Na Assembleia-Geral, não se vê em momento algum, e era toda a gente a filmar, ele a agredir ninguém. Houve uma Assembleia-Geral antes, sobre as contas do F. C. Porto, em que, no fim, quem foi levar o Villas-Boas ao carro foi o Fernando Madureira", contou.
Sobre as suspeitas de enriquecimento ilícito que impelem sobre Madureira, que continua em prisão preventiva, Pinto da Costa disse: "Ele tinha as suas convicções. Tinha a claque, que era uma loucura, enchia os estádios. Algum dinheiro acho que ele ganhou, nunca o contei. Tinha um acordo com o clube em que comprava bilhetes por 'X', pagava-os, e depois uns ficavam na claque e outros creio que os vendiam para ganharem algum para as despesas das deslocações".
"Considero-o um amigo. Se fosse um traficante de droga, não. Ficaria surpreendido com isso. Já o fui ver à prisão. Falámos do Porto. Achei-o com revolta, mas com força. Ele estava mais preocupado comigo do que com ele", acrescentou o antigo líder do clube portista.
Pinto da Costa criticou ainda o "drama" criado em torno da situação financeira do clube, aquando da sua saída. "Dívida? Sempre houve. Dizem que ficaram oito mil euros na conta... O que deixámos foi 50 milhões de euros que vamos receber por irmos ao Campeonato do Mundo de clubes e um contrato de 65 milhões com a Ithaka, que o melhoraram à custa dos sócios. Só aí tinham mais de 100 milhões de euros. Depois, ainda agora venderam o Evanilson por 37 milhões. É património que deixámos. Eu deixei 69 títulos no futebol, 2560 nas modalidades, um estádio que fizemos, um museu que fizemos, um pavilhão que fizemos, e a maior parte dos dias da minha vida", disse.
O antigo presidente do F. C. Porto elege Di Stefano como o melhor jogador que viu jogar. "Desta geração, dois estiveram acima de todos, o Ronaldo e o Messi", disse, antes de deixar um conselho ao avançado português: "Seleção? O Ronaldo é que tem de saber se está em condições, mas acho que ele devia fazer mais um jogo, ganhá-lo e retirar-se".
Pinto da Costa terminou a entrevista com dois desejos particulares: "Que acabassem as guerras, é uma loucura o que está a acontecer, acho que já chega. Quanto a Portugal e ao Porto, queria muito que acabassem os sem-abrigo".