O presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, admitiu, esta terça-feira, que a recandidatura está em cima da mesa, confirmando a notícia avançada pelo JN, em abril. Sobre o centro de estágio, o líder vincou que é para "avançar".
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Numa entrevista exclusiva ao canal "Super Sport", da África do Sul, Pinto da Costa recordou vários momentos que marcaram os 41 anos de presidência no clube azul e branco e apontou ao futuro: uma recandidatura em 2024 é incerta, mas provável. "Não faço ideia se me recandidato. Hoje, se tivesse que decidir, talvez me candidatasse. Mas ainda falta mais de um ano. Num ano acontece tanta coisa... temos de pensar em muitos fatores, no interesse do clube. Não fugirei à responsabilidade, se entender que sou necessário. Mas um ano, no futebol, é muito tempo. Se não me candidatar, não vou interferir numa possível luta eleitoral. Apoiar este ou aquele, votar neste contra aquele. Naturalmente, exercerei o meu direito de voto, mas quando votar ninguém saberá em quem. Estar a tomar a parte de alguém seria ajudar a dividir o clube", começou por dizer Pinto da Costa. Quanto à construção da academia, que, tal como confirmado na última Assembleia Geral vai nascer na Maia, essa, sim, é uma certeza.
"Hoje temos em mãos um projeto que está já em aprovação. Foi feito o plano geral pelo arquiteto Manuel Salgado, que foi quem fez o nosso estádio e o pavilhão. Se não estiver totalmente pronto quando sair, espero que, pelo menos, esteja em andamento", vincou.
"Tenho imensos amigos do Benfica"
Sobre a rivalidade, Pinto da Costa afirmou que convive bem com ela. "Tem de existir, porque senão era um jogo de solteiros contra casados", sublinhou, admitindo ter imensos amigos do Benfica. "A rivalidade não quer dizer inimizade. Eu tenho imensos amigos, amigos a sério, do Benfica, ótimas relações com dirigentes de todos os clubes, mas quando se vai jogar não se pode ir dizer 'oh meu grande amigo'", vincou, destacando a importância da presença de antigos jogadores nas estruturas para o progresso do futebol português.
"Os antigos jogadores, e tive também o Fernando Gomes, são fundamentais. Acho que é importante o contributo de pessoas que conhecem o futebol por dentro, porque, se reparar, nas televisões há programas que teoricamente são sobre futebol, mas não se discute nada sobre isso. E as únicas pessoas que realmente acrescentam alguma coisa para o futebol são os antigos jogadores. É o Octávio, o Rodolfo Reis, o Calado, o Jorge Amaral são vários que falam de futebol, os outros são postos ali para defender o Benfica, como se isto fosse uma guerra ou estivéssemos num tribunal permanente a discutir. Não faz sentido", sublinhou.
"O centralismo piorou, é cada vez mais escandaloso"
Ainda na mesma entrevista, Pinto da Costa criticou o centralismo e apontou o dedo a alguns governantes, nomeadamente a Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República. "O centralismo piorou, é cada vez mais escandaloso. A minha luta não é do Norte, é do país contra o centralismo de Lisboa. Está cada vez pior. Acho que todos os nossos governantes juraram falso, a começar pelo nosso Presidente da República. Quando tomam posse, juram cumprir a Constituição, que diz que tem de haver regionalização. E eles são os maiores opositores a que ela se faça ou discuta, a começar pelo presidente da República. Se hoje a regionalização está fechada à chave na gaveta, o grande responsável é o presidente. Já tive mais esperança em Portugal. O País está tão mal, cheio de impostos, a saúde está pior, há falta de habitação... Quando bater no fundo, há de aparecer alguém que veja que quem pode defender as causas dos seus habitantes são as regiões, porque conhecem os problemas e as dificuldades. Um senhor num gabinete em Lisboa não pode decidir o que quer que seja de Bragança ou Vila Real. Convites? Fui convidado para vários cargos políticos mas recusei porque, além de não querer misturar as águas, achava que se saísse do F. C. Porto não era bom para o clube e não havia quem estivesse disponível para assumir o lugar. O único cargo que poderia motivar-me era na Câmara do Porto, como presidente ou vereador, porque há muito por fazer no Porto", concluiu.