Play-off para o Mundial: Portugal entre o poder dos Camarões e a técnica da Tailândia

Sendo cabeça de série no sorteio do play-off internacional de apuramento para a fase final do Campeonato do Mundo de 2023, que se realiza na Austrália e na Nova Zelândia, a seleção portuguesa não foi propriamente feliz quanto ao adversário que irá defrontar, a 22 de fevereiro, em Hamilton.

Pela frente, Portugal terá o vencedor da eliminatória entre a Tailândia, a seleção mais bem colocada no ranking FIFA (41.º lugar) de entre aquelas que lhe poderiam calhar em sorte, e os Camarões, 58.º colocado na hierarquia mundial de seleções, que atingiu os oitavos de final nos últimos dois mundiais.

Começando precisamente por aí, tanto a seleção tailandesa como a camaronesa estiveram presentes no Campeonato do Mundo de 2019, disputado em França. A equipa africana atingiu mesmo os oitavos de final da competição, após ter sido terceira classificada no grupo E. Na fase a eliminar, perdeu por 3-0 frente à Inglaterra. Por sua vez, a Tailândia fechou o grupo F na última posição, ficando desde logo pelo caminho na prova.

Portugal, que procura a primeira presença em fases finais de um Campeonato do Mundo de futebol feminino, poderá ter de lidar com "a equipa técnica" tailandesa ou uns Camarões recheados de "valores individuais que atuam em França, Rússia, Estados Unidos e Itália", segundo perspetivou o selecionador nacional, Francisco Neto, reagindo ao sorteio.

A Tailândia terminou a Taça Asiática, que define os lugares de apuramento para a fase final do Mundial na Ásia, na sétima posição, tendo vencido apenas um dos seis jogos que disputou ao longo da prova.

A avançada Miranda Nild, como é conhecida no mundo ocidental Suchawadee Nildhamrong, é a jogadora mais cotada da seleção tailandesa. Aos 25 anos, esteve presente no último Mundial e, de lá para cá, ganhou experiência em clubes como o Seattle Reign, dos Estados Unidos da América, o Kristianstads DFF, da Suécia, e o UMF Selfoss, da Islândia, onde joga atualmente. Ainda assim, a melhor marcadora tailandesa na Taça da Ásia, com três golos apontados, foi a avançada Kanyanat Chetthabut, que atua no BGC Asian Scholars, do seu país.

Os Camarões, por seu lado, têm um estilo de jogo mais físico do que aquele que a Tailândia procura colocar em prática. Ao contrário do que sucede na seleção asiática, várias jogadoras camaronesas atuam em equipas europeias, em campeonatos tão competitivos quanto o francês, o espanhol, o italiano e até o português, entre vários outros do leste europeu.

Na qualificação africana, ficou-se pelos quartos de final, onde perdeu com a Nigéria por 1-0, tendo posteriormente derrotado o Botsuana na ronda de consolação, pelo mesmo resultado.

Ajara Nchout, avançada do Inter de Milão que já passou pelo Atlético de Madrid, foi a goleadora de serviço, com dois golos. A seu lado tem a experiente Gabrielle Onguéné, de 33 anos, outra das figuras da seleção camaronesa. Na época passada, atuou pelo CSKA de Moscovo, da Rússia.

Há, inclusive, jogadoras internacionais pelos Camarões a atuar em Portugal. A defesa Marie-Aurelle Awona integra o plantel do Sporting de Braga e a atacante Doly Wabeua joga no Racing Power F. C., da 2.ª Divisão Nacional.

No historial com as duas seleções, Portugal ganhou o único jogo que realizou frente à Tailândia, por 4-1, na edição de 2018 do Torneio das Quatro Nações, e nunca defrontou os Camarões.

Francisco Neto, selecionador português, mostrou ter um conhecimento aprofundado sobre as duas seleções, e terá cerca de quatro meses para afinar a estratégia na última etapa antes de se concretizar o sonho luso em se estrear na fase final de um Campeonato do Mundo. Portugal vai viajar até ao outro lado do globo para o concretizar, sabendo de antemão que só estando ao seu melhor nível o poderá alcançar.