Presidente da Federação de Remo diz que "há e houve pessoas a roubar federações"
O presidente da Federação Portuguesa de Remo, Luís Ahrens Teixeira, considerou, esta quinta-feira, que o "dinheiro a mais no desporto" potenciou "roubos" e desafiou o Estado a "ter mecanismos de controlo da aplicação dos dinheiros públicos" no setor.
Corpo do artigo
"Provavelmente, nunca houve falta de dinheiro no desporto em Portugal. Há muito dinheiro mal gasto, muito dinheiro esbanjado. E o país tem de perceber que há e houve pessoas a roubar dinheiro das federações. No remo, então, é óbvio", acusouo presidente da Federação Portuguesa de Remo (FPR), Luís Ahrens Teixeira.
Em declarações à Lusa, o dirigente disse que "está na altura de se começar a pensar a sério, de o Estado acordar para ter uma ideia do que se faz ao dinheiro dos contribuintes portugueses quando se entrega dinheiro às federações" e questionou: "O que se fez aos 500 mil euros por ano que a federação de remo recebeu de 2008 a 2012?". Nesse período, a FPR foi presidida por Rascão Marques.
"Se o Estado não tem forma de controlar, tem de passar a ter", frisou Luís Ahrens Teixeira, argumentando que "muito provavelmente o dinheiro nunca chegou onde devia, ao praticante, seja da alta competição ou lazer, seja em que modalidade for".
O presidente da FPR insiste: "O Estado financia as federações, estas são livres de desenvolver a modalidade - foram eleitas para isso - e o Estado tem, acima de tudo, de não permitir que se roube. Não é que se gaste mal, é que se roube".
O dirigente diz que esta visão do desporto o acompanha desde 1992, quando se iniciou na alta competição, e defende que, "acima de tudo, tem de haver enorme seriedade de quem gere os dinheiros públicos e de quem está nas federações".
Luís Ahrens Teixeira concorda com os cortes ao financiamento do desporto - "se os há na saúde, seria hipocrisia algum dirigente desportivo refilar" -, mas entende que, também por ter agora menos recursos, o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) deveria distribuí-los melhor, "promovendo o mérito", nomeadamente através da "hierarquização (do apoio) as federações por resultados e implementação desportivos".
"É óbvio que tem de haver esses cortes, o que deve ser aproveitado pelas federações para encontrar novas formas de financiamento e gerir melhor o dinheiro dos contribuintes. Fazer mais com menos, o que é possível, se se gastar bem. Onde tem de ser gasto", concluiu.