
O Atlético reencontra o Benfica pela primeira vez desde 1982
Foto: Atlético CP
Ricardo Delgado assumiu a presidência do histórico clube da Tapadinha em 2017, quando este vivia uma crise profunda e estava na III Divisão distrital. Reencontro com o Benfica para a Taça de Portugal reergue dérbi lisboeta que marcou o futebol português entre as décadas de 1940 e 1970.
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Por incrível que pareça, o encontro de sexta-feira será o 67.º duelo entre Atlético e Benfica. O último sucedeu em 1982 e nos 66 anteriores contam-se três triunfos do histórico da Tapadinha. Um deles em especial salta à vista, agora que os dois clubes se reencontram na Taça de Portugal: em 1945/46, nos quartos de final, o Atlético levou a melhor (3-2) e haveria de alcançar a final, perdida para o Sporting, que ainda não se discutia no Jamor.
Assim, 43 anos depois, reergue-se um dérbi que marcou o futebol português entre as décadas de 1940 e 1970 e que sublinha o renascimento do emblema de Alcântara. "É o corolário do reposicionamento do Atlético no futebol português", sintetiza Ricardo Delgado, o presidente que em 2017 pegou no clube na III Divisão distrital, depois de ser levado por investidores chineses a um estado lastimável.
Os carroceiros, ausentes da divisão principal desde 1977, recompuseram-se, galgaram escalões até à Liga 3, na qual ocupam o sétimo lugar na Série B e agora sonham com "um grande dia" no maior jogo da sua história recente.
"Um mau dia do Benfica pode tornar-se num grande dia para o Atlético. E o Atlético sempre nos habituou a surpresas, tem essa identidade. Em 2007, eliminámos o F. C. Porto no Estádio do Dragão (0-1) e no ano passado eliminámos a equipa feminina de futsal do Benfica que já não perdia há não sei quantos jogos. Sendo uma eliminatória a um jogo, aumenta a nossa esperança", continua Ricardo Delgado, em conversa com o JN, afirmando o lamento de o jogo ter que se disputar no Restelo, outrora um estádio hostil para o Atlético devido à rivalidade entre Alcântara e Belém, por conta das atuais condições do mítico Estádio da Tapadinha. "Era a cereja no topo do bolo".
Com "grande dia" ou não, a vida do Atlético continuará, com investidores americanos a trilharem o caminho que Ricardo Delgado acredita poder levar o clube a patamares mais altos. "Trouxeram uma visão diferente e mais holística. Somos latinos e o desporto para nós está muito ligado ao sucesso desportivo e no EUA isso não é assim, também é um convívio, uma festa, vivem o desporto de maneira diferente, ligam mais à comunidade. Hoje, o Atlético está mais organizado, mais estável e tem condições para subir mais", completa Ricardo Delgado.
