PSG tem um dos ataques mais temíveis do mundo mas juntar tantas estrelas nem sempre é garantia de êxito.
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No início do milénio, o Real Madrid transformou o futebol, ao construir uma equipa de estrelas pagas a peso de ouro. Beckham, Figo, Zidane e Roberto Carlos formaram os "galáticos", como ficaram conhecidos, mas ficou provado que tantas estrelas juntas não é sinónimo absoluto de vitórias. Títulos podiam ter sido mais e as exibições ficaram aquém.
Hoje, e numa altura em que os preços exorbitantes que se pagam pelos jogadores já não causam admiração, o PSG decidiu juntar Messi a Neymar e Mbappé. Se vão conquistar títulos, ninguém sabe, mas, para já, os três craques têm protagonizado episódios que dão que falar. Pela negativa. Entre as queixas de Mbappé, que desabafou com os companheiros que Neymar não lhe passa a bola, até à irritação do brasileiro e do argentino com o treinador por terem sido substituídos, as atitudes provam que, mais do que os resultados, o grande desafio poderá estar dentro no balneário, concretamente na forma como lidar com egos de quem já nada praticamente precisa de fazer para ser venerado. Esse é o desafio que se coloca aos treinadores, neste caso a Mauricio Pochettino.
"Por vezes, é complicado ter tantas estrelas, porque quase todas têm um ego muito grande. O importante é fazer ver que o grande talento que possuem, tem de ser usado em prol da equipa", explica, ao JN, o experiente treinador Manuel José.
Estes três jogadores [Messi, Neymar e Mbappé] só podem render em absoluto no PSG se conseguirem reduzir os egos aos interesses da equipa
O que fazer então para "agarrar" o jogador? "Não há receita. É sempre um ambiente de grande pressão", atira Jesualdo Ferreira, técnico que também dispensa apresentações.
Apesar de qualquer treinador querer sempre os melhores na equipa - "as coisas ficam muito mais simples", garante Manuel José - cabe aos técnicos darem um murro na mesa. "As estrelas dependem do coletivo. E têm de perceber que quem manda é o treinador. Ele não se pode deixar levar e não pode ter receio de tomar decisões, porque se tiver, vai criar uma fratura na equipa. Os grandes talentos são intocáveis e os outros percebem que há uma dicotomia de tratamento", acrescenta Jesualdo.
No caso do PSG, os parisienses são uns dos favoritos para conquistar a Champions, mas é preciso aplicar a teoria à prática, no campeonato os resultados nem sempre têm sido os melhores. "Joguei no Real Madrid cinco temporadas e nunca ganhei a Champions...", desabafou, há algum tempo, Ronaldo, o Fenómeno. É esperar para ver.
Bélgica: salta da lista por birra no autocarro
Emmanuel Dennis, enquanto jogador do Club Brugge, ficou fora de um jogo da Liga dos Campeões por um motivo, no mínimo, insólito, depois de ter recusado trocar de assento no autocarro.
Em novembro do ano passado, na partida da formação belga para a Alemanha, onde ia defrontar o Borussia Dortmund, o avançado, que agora alinha no Watford, foi informado que não se podia sentar no lugar habitual, devido às restrições inerentes da covid-19. Emmanuel não gostou da ordem e recusou obedecer, tendo saído do autocarro.
Como era de prever, a equipa técnica não gostou da atitude do jogador e acabou por deixá-lo de fora da convocatória. "Ele não cumpriu as regras do clube. Prefiro concentrar-me nos jogadores que estão disponíveis para mim", explicou, na ocasião, o treinador Philippe Clement.
Inglaterra: recusa sair e deixa treinador louco
Ainda Maurizio Sarri era treinador do Chelsea quando, em fevereiro de 2019, se irritou com o guarda-redes, que recusou ser substituído. O insólito aconteceu na final da Taça da Liga, entre os "blues" e o Manchester City.
O encontro já ia no prolongamento quando Kepa teve de ser assistido pela equipa médica do Chelsea. Depois de alguns momentos de hesitação, o treinador italiano ordenou a substituição e, mesmo com Caballero pronto a entrar, Kepa recusou ser substituído e continuou dentro de campo, mesmo depois de ser avisado pelo árbitro. Sarri ficou desesperado - até arrancou o casaco do fato de treino - mas o guarda-redes continuou mesmo em campo até ao final do prolongamento e nas grandes penalidades.
Kepa ainda defendeu o remate de Sané mas de nada adiantou, pois o Chelsea acabou por perder.
Espanha: "Mou" e CR7 aos gritos no balneário
Em junho de 2020, Modric lançou uma autobiografia na qual recordou alguns episódios da carreira. E, um deles, envolvia dois portugueses: José Mourinho e Cristiano Ronaldo.
Em 2013, quando os dois estavam no Real Madrid, terá havido um desentendimento tão grande entre eles que quase chegaram a vias de facto.
"Fiquei surpreso com a reação de Mourinho. Estávamos a vencer por 2-0. Ronaldo não foi atrás dos adversários quando perdeu a bola e Mourinho ficou furioso com ele. Os dois discutiram durante um bom tempo em campo e, quando ao intervalo voltámos para o balneário, vi o Ronaldo desesperado, à beira das lágrimas. Mourinho entrou e começou a criticar os portugueses. Ficaram tão quentes que apenas a intervenção dos companheiros evitou uma verdadeira luta entre eles", contou o croata.