A queixa de Kathryn Mayorga contra Cristiano Ronaldo, apresentada em setembro, detalha a forma como uma equipa de advogados de CR7 pressionou a queixosa, aproveitando-se de comprovado estado de depressão para retardar e/ou silenciar a investigação, com a complacência da polícia.
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O JN teve acesso ao documento que suporta a queixa de Kathryn Mayorga, apresentada a 18 de setembro, e que levou a polícia a reabrir a investigação ao que terá acontecido a 13 de junho de 2009. Segundo o texto, Cristiano Ronaldo e a equipa de especialistas contratada pelo jogador português ameaçaram acusar a mulher de se aproveitar de uma noite de sexo com o português para lhe extorquir dinheiro.
A conclusão, vertida para o documento elaborado pelo escritório de advogados que defende Kathryn, assenta no trabalho desenvolvido pela equipa de "fixers", especialistas em acordos e resolução de casos complicados, contratada por Cristiano Ronaldo em 2009.
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Os "fixers" analisaram a vida de Kathryn, antes e depois da alegada violação, já refutada por Cristiano Ronaldo. Segundo se pode ler na queixa, os especialistas "investigaram e vigiaram a demandante, o advogado desta, os amigos e família para evitar que a agressão sexual fosse tornada pública".
Investigadores vigiaram investigação ao caso
A equipa contratada por CR7 "avaliou e vigiou as agências responsáveis pela investigação e acusação da agressão sexual", dentro de uma estratégia concebida para "evitar ou atrasar uma acusação criminal" contra o jogador português. Foi também desenvolvida uma forma para "atrasar, relativizar ou mesmo extinguir a queixa da demandante por danos num processo civil devido à alegada agressão sexual.
A vida da demandante foi escrutinada pelos "fixers", lê-se ainda na queixa. Terão concluído que Kathryn, divorciada à altura dos factos, estava "abertamente disponível" para namorar e tinha a vida normal de uma jovem mulher de Las Vegas, antes da alegada agressão sexual. Filha de um bombeiro e de uma dona de casa, Kathryn é licenciada em jornalismo e teve vários empregos como professora, modelo ou representante de vendas. A 13 de junho de 2009, tudo mudou.
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Kathryn "sofreu danos psicológicos graves" após a alegada violação de Cristiano Ronaldo, terão concluído os investigadores privados. Está desempregada e viveria aterrorizada com medo de ser humilhada publicamente por Cristiano Ronaldo, ou pessoas a atuar em nome do jogador português, acusando-a de falsas acusações apenas para extorquir o jogador português.
A equipa terá também comunicado a Cristiano Ronaldo que Kathryn fez um exame médico no Centro Médico Universitário de Las Vegas a 13 de junho de 2009, que documentou em fotografia "contusões e abrasões anais". Ainda, que a demandante "tentou repetidamente evitar" a agressão sexual, gritando várias vezes não e tentando tapar-se para evitar a penetração, acabando por ser sodomizada.
Polícia manteve a acusação "em lume brando"
A equipa terá reportado a Cristiano Ronaldo que a polícia entendia a acusação como uma caso de "assédio sexual", não um "crime violento" e deixaria a acusação de Kathryn "em lume brando".
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No retrato que os "fixers" foram, alegadamente, pintando a Cristiano Ronaldo, haveria uma "fonte confidencial" na polícia de Las Vegas, que terá feito saber que a "de bom grado se encerraria a investigação se houvesse um acordo financeiro entre ambas as partes". A estratégia de pressão psicológica montada pelos especialistas direcionou a vítima nesse caminho.
"Cristiano Ronaldo e a equipa, sabendo da vulnerabilidade" de Kathryn, ameaçaram acusá-la de tentar aproveitar um momento de sexo consentido para extorquir dinheiro, caso a mulher voltasse a contactar a polícia para avançar com a investigação ou fizesse revelações em público sobre o caso.
Os investigadores comunicaram estas ameaças a Kathryn, "com o intuito de evitar ou atrasar futuros contactos da demandante, família ou amigos desta com a polícia de Los Angeles" de forma a criar um ambiente propício para "iniciar um negociações para um acordo", assente na descredibilização da vítima
Segundo consta na queixa, a atuação dos "fixers" aproveitou-se da debilidade psicológica de Kathryn, a sofrer de depressão e stresse pós-traumático, para a levar a assinar um acordo que mantivesse em silêncio o que se passou na noite de 13 de junho de 2009, como foi já noticiado, a troco de 375 mil dólares (cerca de 325 mil euros, a valores atuais).